Eu não sabia ao certo quanto tempo eu tinha passado ali dentro daquela cela, eu não me importava muito com o tempo eu não tinha nada pra fazer mesmo do lado de fora então eu podia lidar com aquele tempo ali dentro. Só estava precisando de um banho, eu tinha me queixado disso com meu pai na ultima visita, mas era difícil eu estava presa em uma delegacia e ali não tinha um lugar ideal para que eu fizesse uma higiene básica e meu pai tinha medo de exigir demais e eu acabar sendo transferida para um presídio. Se eu fosse transferida ai sim eu estaria com problemas, eu ficaria sem remédio e provavelmente não seria bem recebida levando em conta o crime que eu estava sendo acusada.
Meu pai estava fazendo de tudo pra provar minha inocência, mas não queria me manter ali dentro por mais tempo, minhas opções era hospital psiquiátrico ou a morte e diante dessas alternativas eu não tinha que ficar sofrendo ainda mais dentro daquela cela então o julgamento seria logo. Ele não estava nada confiante com aquele julgamento, as coisas que ele tinha me dito me deixava muito confusa eu tinha certeza de que eu não tinha feito aquilo, porém eu não me esvaia totalmente da culpa não quando ele estava sobre a minha responsabilidade eu devia ter vigiado ele, o Robert tinha confiado em mim. Mas as palavras do medico me deixaram bem confusa. A melhor estratégia pro meu pai era alegar doença mental, falar que eu ainda não tinha superado o luto pelo meu filho e tinha feito isso por causa dos fortes remédios que eu andava tomando. De toda forma ele não estaria mentindo eu jamais conseguiria superar a morte do Antony e me doía ter que responder por algo que eu não tinha feito, mas pra provar o contrario eu necessitaria de tanta energia e uma energia que eu não tinha naquele momento. Por mim a pena de morte seria bem vinda e só daria fim a todo aquele sofrimento, mas eu entendia o como aquilo doeria nos meus pais então se eu tivesse que passar o resto dos meus dias em uma clinica psiquiátrica eu o faria sem reclamar.
Fechei meus olhos e a memória de como todo aquele inferno tinha começado atacou minha mente:
{...}
—Que inferno você percebe quanto é incompetente? A única coisa que eu pedi a você foi para que você me desse um filho e nem isso você é capaz de fazer. —Ele gritou apontando o dedo pra mim...
{...}
Acordei vendo que aquela discussão não tinha passado de um sonho ruim, ele jamais falaria aquele tipo de coisa pra mim, mesmo que pensasse e tivesse motivos pra pensar assim.
—Tudo bem amor? —Ele perguntou acordando também. Esfregou os olhos e se sentou ao meu lado.
Balancei a cabeça negando eu não estava me sentindo nada bem.
—Eu tive um sonho ruim.
Ele me puxou pra ele e voltou a se deitar me levando junto, me aconchegando no peito dele.
—Que me contar?
Ele estava fazendo um carrinho tão bom na minha cabeça que eu estava quase dormindo novamente.
—Não —Eu não podia contar a ele o que tinha acontecido, se eu falasse qualquer coisa ele iria voltar com aquela conversa de que devíamos para de tentar.
—Você deve está nervosa com amanhã e por isso esses pesadelos. —Eu sabia que ele iria arrumar uma brecha pra tocar nesse assunto.
—Robert. —Implorei que ele não voltasse aquela discussão.
—Lousie. —Imitou ele. —Eu só quero o seu bem nos podemos ter filhos de outra maneira. Existe adoção, inseminação artificial, barriga de aluguel... São tantas as opções. Eu só não acho justo você ficar se submetendo a todas essas cirurgias.
Revirei os olhos com a contradição das suas palavras.
—Você mesmo disse que adoção não é pra você, você não sabe se vai conseguir amar uma criança que não é sua. —Ele tinha dito isso durante uma das nossas conversas no início do casamento sobre filhos. Eu queria ter os meus biologicamente falando e queria adotar outros eu amava crianças e sim eu sabia que podia amar qualquer um como se fossem meus próprios filhos, mas ele se mostrou contra alegando que não sabia se conseguiria amar (amor de pai) uma criança que não era dele.
—Isso foi no passado quando eu não sabia muito sobre o assunto, mas eu andei fazendo umas pesquisas e pode dar certo.
—Eu quero engravidar Robert, eu quero sentir meu filho se desenvolvendo dentro de mim e depois amamentar e eu não vou abrir mão disso então nada de barriga de aluguel. Nós podemos adotar depois e inseminação artificial pra que se meu problema não é pra engravidar e sim manter o feto? —O problema não era engravidar mesmo, essa parte era até fácil. Quantas vezes eu já tinha ficado grávida? A resposta era simples nove em sete anos de casamento eu tinha engravidado nove vezes e eu não tinha conseguido manter nenhum dos bebês, eu sempre sofria um aborto espontâneo antes mesmo que chegassem ao três meses.
—Eu não sei só... Por favor Lousie. Promete pra mim que essa vai ser a última cirurgia e se não der certo você vai parar com isso.
—Você quer parar com esses pensamentos negativos. Você precisa pensar positivamente eu sinto que dessa vez vai funcionar.
—Ok.
Não tinha nenhuma convicção na voz dele, mas eu não podia culpá-lo não depois de tantas decepções.
[...]
Eu não fazia idéia de quanto tempo eu estava sentada naquela mesma posição com aquele exame mostrando positivo na mão, porém devia fazer um bom tempo por que ele já tinha chegado do trabalho.
—Aconteceu alguma coisa?
Ele não precisou se aproximar muito pra ver o que estava na minha mão.
—Positivo? —Ele perguntou e se sentou ao meu lado.
—Sim. —Eu queria me sentir cem por cento feliz, mas eu não conseguia. Não com a ameaça constante de um dia eu acorda e já não está mais grávida de ter abortado enquanto dormia.
—Vai ficar tudo bem. Lembra pensamento positivo vai dar tudo certo.
Nem ele mesmo acreditava nas palavras dele.
—O médico não disse que a cirurgia foi um sucesso? —Balancei a cabeça afirmando. —Então. Vai dar tudo certo.
—O fato da cirurgia ter dado certo não significa que eu vou conseguir você bem sabe que ele não me deu garantia nenhuma era só uma alternativa que podia funcionar.
O médico não tinha me enganado ele tinha deixado bem claro quais eram minhas chances.
—Então vamos se apegar ao fato de que pode funcionar.
Ele me abraçou e deu um beijo no topo da minha cabeça.
—Eu te amo independente do que acontecer eu vou estar aqui.
—Eu te amo tanto. — Larguei o papel no chão e me virei pra ele me virando e abraçando ele. Mesmo com tudo ele nunca saiu do meu lado e essa era a maior prova de amor que ele podia me dar.
[...]
—Vamos? —Ele perguntou pegando a chave em cima da mesinha.
—Você se incomoda em não sabermos o sexo hoje? —Perguntei.
Ele me olhou sem entender eu sabia que aquela era uma atitude incomum em outras vezes eu era a mais ansiosa pra descobrir o sexo começar a compra roupinhas, arrumar o quarto. Mas eu não conseguia expulsar aquele medo de que eu pudesse perder e depois que eu me apegava era bem mais difícil lidar com a perda.
—Mas eu pensei...
Eu sabia que ele estava realmente acreditando que dessa vez pudesse dar certo. E o resultado daquela cirurgia era o grande culpado disso, mas eu não conseguia não depois de tantas percas.
—Eu sei, mas eu só quero esperar mais um pouquinho. —Eu estava perto de completar quatro meses e isso era um recorde eu nunca tinha chegado tão longe.
—Você que sabe baby. A decisão é sua.
[...]
Fizemos o caminho em silêncio, o único barulho era o dos carros na rua.
—Fica calma vai dá tudo certo.
Ele apertou minha mão. Respirei fundo e saímos do carro.
Eu tinha pavor daquele lugar, ali eu tinha recebido minhas melhores e piores notícias dos últimos anos.
Aquela musiquinha de elevador só servia pra me deixar mais irritada. Chegamos hall de entrada.
Parei ele é pedi:
—Você pode ir lá que enquanto eu espero aqui sentada?
—Está tudo bem?
—Sim só me irrito com toda a formalidade.
—Tudo bem então me espera lá.
[...]
Eu nunca tinha feito tantos exames na minha vida, mas eu sabia que era importante para saber se estava tudo bem e com meu histórico eram mais do que necessários.
—Vão querer saber o sexo?
Ele me olhou como tinha dito antes de saímos de casa quem decidiria seria eu.
—Agora não.
—Ok.
Eu não conseguia tirar os olhos da pequena tela. A médica passou o aparelho pela minha barriga e uma imagem ocupou todo o espaço da tela, eu não conseguia identificar nada ali, a médica fez um movimento e mexeu em alguns botões e de repente eu conseguia ver com exatidão meu bebêzinho. Senti o toque da mão do Robert se intensificar eu olhei pra ele e tinha uma lágrima escorrendo do olho dele.
—Vocês tem certeza sobre não querer saber o sexo do bebê? Tenho uma boa visão.
O Robert me olhou cheio de expectativa, eu sabia que ele queria saber e mesmo cheia de medos de que me apegando e criando laços (mais ainda do que já existia) eu sofreria mais na hora de me despedir eu dei autorização pra ela dizer o sexo.
—É um menino. Um menino bem grande.
Senti um beijo ser depositado no meu rosto, mas eu não conseguia tirar meus olhos da tela.
—Prontos para ouvir o coração? —A médica perguntou.
—Por favor. —O Robert pediu e a doutora mexeu em uns botões e um som bem fraquinho tomou conta do ambiente. Aquele era o som mais gostoso da face da terra.
—Hum.
Ela mexeu mais um pouco antes de para o exame de forma abrupta:
—Me dê licença, por favor.
—Está tudo bem? —O Robert perguntou preocupado.
—Sim só preciso de uma segunda opinião.
Ela saiu do quarto e eu encarei o Robert, não precisava nem ser muito inteligente pra saber que alguma coisa tinha acontecido e que alguma coisa estava errada.
[...]
Eu ainda não entendia direito o que estava acontecendo, minha única certeza era que algo de muito sério e errado estava acontecendo com o meu bebê e ninguém queria me dizer nada, eu tinha feito tantos exames.
—O bebê de vocês têm um sério problema no coração. —Eu só consegui me prender a essas palavras todo o resto que ele explicou sobre a doença que meu pequeno bebê tinha passou que eu não consegui entender nada.
—Mas esse problema tem cura? —Perguntei interrompendo o que o médico dizia.
—A melhor opção nesses casos é o transplante.
—Transplante? Mas ele é só um bebezinho. —Ele nem tinha nascido como ela queria fazer um transplante? Não aquilo era loucura dela.
[...]
—Você precisa ficar calma não se esqueça que você está grávida.
Só ele podia achar que eu pudesse ficar calma diante de tudo aquilo que eu ouvi naquele hospital. Hoje era pra ser um dia feliz tínhamos descoberto que nosso pequeno bebê era um menino e em outro momento eu faria até uma festa por esse simples fato, mas agora...
—Você tem que trabalhar? —Perguntei só podia ser isso já que ele estava separando uma roupa social.
—Infelizmente eu tenho uma reunião muito importante hoje. Vai ser rápido, mas eu vou ligar pra sua mãe.
Fiz uma cara feia eu precisava dele.
—Eu não quero minha mãe eu preciso de você.
Ele olhou pro celular e pra mim e com um sorriso triste ele desistiu.
—Saiba que vamos ficar um monte menos rico se minha secretária não conseguir remarca essa reunião. —Ele digitou alguma coisa no celular e deixou o aparelho por ali.
—Tira o sapato antes de deitar. —Reclamei vendo que ele faria exatamente o que eu tinha dito.
—Chata. —Debochou.
—Que você ama. —Provoquei.
Ele se deitou ao meu lado e me puxou pra ele.
—E como amo.
Ele começou a me beijar me puxando cada vez mais pra ele e eu senti a temperatura aumentar. Me afastei um pouco buscando ar.
—Eu acho que estamos precisando relaxar um pouco. —Ele disse cheio de malícia.
[...]
—Você demorou. —reclamei assim que ele entrou no meu campo de visão. Deixei o livro que eu lia de lado e me virei pra encarar ele.
Eu o estava esperando para jantar e ele estava uma hora atrasado.
—Fui ao shopping.
Estranhei, ele odiava o shopping.
—Shopping?
—Sim queria dar o primeiro presente ao meu filho.
Ele me estendeu uma caixinha branca e antes mesmo de abrir o presente eu já sentia meus olhos cheios. Abri o presente com delicadeza e meus olhos transbordaram com o minúsculo sapatinho na cor branca, era tão pequeno e delicado.
—E lindo.
—E tem mais...— Ele me estendeu um outro embrulho retangular, um pouco maior do que o primeiro.
Abri curiosa e não me surpreendi nada por ter uma camisa do time dele, Real madri, só que em uma versão minúscula. Senti meu coração aquecer só de imaginar um menininho de olhos verdes como os dele vestindo aquela camisa enquanto acompanhava o pai na frente da televisão assistindo, como ele chamada um espetáculo. Por mais que se ele colocasse meu filho próximo a ele pra assistir um jogo ele teria que aprender a se controlar e não poderia ficar gritando como normalmente ele fazia.
—Ele tem que aprender desde pequeno o que é bom.
—Quero só ver se ele torce pra outro time. —Provoquei, eu sabia do amor irracional do meu marido pelo esporte não tão comum e pelo time Real Madri.
—Prefiro que ele jogue em outro time. —Não acreditei que ele estava mesmo sugerindo que fosse melhor meu filho ser gay do que torce para um time de futebol diferente do dele.
—Robert.
Ele olhou como se a errada fosse eu.
—Nem vem com Robert.
[...]
—Finalmente meu irmão conseguiu dá uma dentro. —Provocou o Steve, todos ali sabiam da nossa dificuldade em engravidar e eles tinham estado conosco em todos os ganhos e todas as perdas então eu não conseguia me ofender com aquele comentário principalmente por ter vindo do cara que chorou comigo por mais de duas horas quando eu perdi meu primeiro bebê.
Todos ali sabiam que meu bebê precisaria ser forte logo nos primeiros meses e todos, absolutamente todos tinham nos dados apoio e uma coisa que minha sogra disse me fez mudar minha maneira de enxerga as coisas. "Tenha fé minha menina que as coisas irão acontecer da forma que tenham que acontecer. Se preocupar demais não vai ajudar em nada e ainda pode prejudicar seu bebê. Então aproveite sua gravidez e deixe o futuro pra ser vivido no futuro." E claro que eu não conseguia deixar de me preocupar totalmente, porém eu deixei de me preocupar tanto.
—Ele sempre dá dentro Steve. —Eu podia senti meu rosto esquentar, mas eu já tinha me acostumado com os comentários de conteúdo sexual de todos eles ali. Falar de sexo pra eles era como falar bom dia.
—Meu Deus já dá pra vê sua barriga. —Eu nem tinha visto a Katherine se aproximar e nem ouvido ela chegar. Ela se ajoelhou na minha frente e colocou a mão na minha barriga. Uma vez eu tinha ouvido uma frase "barriga de grávida não tem dono" e aquela frase era tão real todo mundo chegava até mim acariciando minha barriga.
—Quatro meses né madrinha irresponsável. —Brinquei jogando no ar que tínhamos escolhido ela como madrinha.
—Quatro meses? Meu Deus parece que foi ontem que vocês chegaram aqui abatidos por causa de tudo e agora...— Ela levou mais tempo do que o necessário pra entender.—Madrinha? Sério?
Balancei a cabeça afirmando.
—Se você quiser é claro?
—Meu Deus... Meu Deus... —Ela deu uns pulinhos e se jogou em mim me abraçando o impacto do corpo dela contra o meu quase me derrubar, por sorte eu consegui me equilibrar.
—Katherine pelo amor de Deus cuidado. —O Robert estava perto de mim em um instante e encarava a irmã mais nova com um olhar assassino. De repente eu tinha me tornado o centro das atenções.
—Fica calmo foi um acidente. —Mesmo que eu sabia o que provavelmente aconteceria se eu tivesse caído ali.
—Desculpa Lou.
—Tudo bem Katherine. Mas você ainda não me respondeu se aceita ou não?
—E claro que eu aceito. Eu já estava mesmo pesquisando alguns modelos de quarto pra se inspirar eu pensei nas cores rosa e verde, um verde bem claro e vivo e bichinhos vai ficar tão lindo. —Ela disparou pra cima de mim sem nem respirar.
—Vamos ver com calma e juntas e não se esqueça que seu afilhado é menino. —Lembrei as vezes a Katherine precisava de limites.
—Quando vocês começam a falar sobre bichinhos e cores eu saio. —Ele me deu um selinho antes de se voltar pra onde ele estava, junto com os rapazes.
Quando ele já estava longe pra ouvir ela comentou:
—Ele está todo bobo que vai ser papai né?
—Bobo e preocupado.
Ela fez uma careta e virou o rosto não deixando que eu olhasse pra ela. Minha cunhada sensitiva que simplesmente deixava tudo transparecer no olhar.
Não era difícil saber que tinha alguma coisa de diferente ali, Katherine não era nada parecida com os pais. Enquanto o Robert era a cara da mãe, os cabelos em um tom entre o ruivo e o loiro, meio bronze, os olhos verdes e o rosto que lembrava muito a mulher que o tinha colocado no mundo o Steve era a cara do pai, ambos loiros, olhos azuis e o rosto mais gordinho não tão fino como o da mãe e do irmão. Já a Katherine ela não se parecia em nada com nenhum deles ali, baixa (muito baixa pra idade dela 1,56), cabelos em um tom preto e os olhos em um tom tão escuro quanto os cabelos, mais branca que qualquer outro ali. Ela possuía uma entrega e uma sensibilidade sobre humana (por mais que ela ficasse muito puta quando falássemos isso), não era atoa que o apelido dela fosse fadinha ela realmente lembrava uma fada. Minha desconfiança era que ela era adotada, por que não se parecia nem com o Oliver e muito menos com a Adele pra ser fruto de uma traição. Mas o Robert garantia que se lembrava perfeitamente da mãe grávida e como ele já tinha 15 anos quando ela nasceu provavelmente ele realmente se lembrava e era só uma coisa diferente que procurando a ciência explicaria.
—Ele tem razão em ficar preocupado? —Perguntei, desde que eu tinha entrado pra família eu tinha me tornado amiga daquela baixinha e sabia perfeitamente interpretá-la, eu conhecia ela desde sempre.
—Eu só sei que você vai precisar ser muito forte e confiar em si mesma e em Deus, está tudo na mão dele.
—Katherine o que vai acontecer? —Perguntei já ficando assustada eu confiava muito nas previsões futurísticas dela.
—Eu não sei Lou, só sei que viram tempos difíceis e você precisa ser forte e confiar em si mesma acima de tudo.
—Confiar em mim pra que Katherine? —Coloquei a mão no meu ventre só querendo proteger meu bebê.
—Eu vou falar com a minha mãe cheguei aqui e nem falei nada com ela. Pode uma coisa dessa?—Ela levantou e fugiu ignorando completamente meus chamados. Eu sabia que não adiantaria insistir ela não me diria mais nada.
[...]
—Está tudo bem? —Ele perguntou me olhando, já era madrugada a festa tinha durado bem mais do que esperávamos. Mas foi bom um tempo em família.
—Sim só que a Katherine me falou algumas coisas que me deixou nervosa.
Ele suspirou ele odiava quando a irmã bancava a vidente e por mais que cem por cento das vezes ela acertasse ele ainda sim fingia que ela não passava de uma boa observadora.
—Ignora. Ela também veio querer prever o meu futuro eu só ignorei.
—O que ela te falou? —Perguntei curiosa, como nossas vidas se misturavam o que ela falou pra ele pudesse esclarecer o que ela me disse.
—Ela disse que é pra mim não desistir de você.
—Você tem motivos pra desistir de mim?
—Não pira em. Estamos em uma fase maravilhosa, você vai me dá um filho, nossa vida sexual está excelente, você ainda é minha amiga e eu te amo. Porque eu desistiria de você?
—Sei lá. Não sou a Katherine e não sei o futuro.
—Na saúde e na doença, na tristeza e na alegria até que a morte nos separe. Lembra? —Ele citou parte dos nossos votos.
Fiz como minha sogra disse e deixei de me pensar no futuro. Deitei minha cabeça no ombro dele e foquei minha atenção na estrada vazia que se estendia na nossa frente.
[...]
Eu estava sentindo uma falta de ar terrível, cutuquei o Robert e chamei ele.
—Que foi? Aconteceu alguma coisa? Desejo de novo?
—Eu não estou conseguindo respirar.
—Vem senta.
Ele me ajudou a me sentar, minha barriga já estava grande e incomodava um pouco.
—Respira como a médica recomendou.
Tentei fazer como a médica disse, mas não estava ajudando muito.
—Não está funcionando.
—Vamos pro hospital.
Ele se levantou e já foi por closet, ele voltou vestindo uma calça, blusa e um tênis e trazia um vestido meu em mãos.
[...]
—Eu não acredito que eu vou passar o resto da minha gravidez aqui? —Reclamei com a minha mãe. Minha falta de ar tinha chegado em níveis preocupantes é minha médica achou melhor que eu fosse observada 24 horas por dia.
—Pensa pelo menos aqui você vai conseguir respirar. —Minha mãe se achava muito engraçada.
—O papai chega quando? —Eu tinha uma ligação enorme com o meu pai ele ali conseguiria me deixar melhor, ele sempre tinha a palavra certa.
—Ele disse que ia tentar pegar o primeiro vôo que o trouxesse de volta e sendo por você daqui a pouco ele deve está aqui. —Eu sabia que ela só estava fazendo charme ela amava a relação que eu tinha com o meu pai.
—Mas sua cunhada como ela está? —Minha mãe era apaixonada pela Katherine, ou melhor pelas visões da Katherine.
—Bem mãe. Lembra ela é vidente pode prever o perigo. —Falei rindo e mexi naquela máscara de oxigênio. Aquilo incomodava muito. —Mas ela disse uma coisa que eu não consegui entender.
—O que?
—Que eu devia confiar em mim mesma. Mas isso pode significar muita coisa. Além de que ela disse que virão tempos difíceis.
—A primeira parte não significa muita coisa nada, não tem o que pensar muito ela disse pra você confiar em si mesma e você só tem que fazer isso e sobre os tempos difíceis você é forte vai superar qualquer coisa e você sempre pode correr pro meu colo eu te protejo de tudo. —Eu queria muito ir até ela é abraçá-la, mas aquele monte de fios e tubos me impediam.
—Eu te amo mamãe.
[...]
—Hoje eu vou dormi com você. —Ele anunciou.
—Bem que eu queria que você dormisse comigo. —Falei fazendo cara feia. Eu estava com muita vontade dele.
—Em breve.
—Você deve está subindo pelas paredes. —Meu marido sempre foi fogoso e ficar todo esse tempo sem sexo devia está sendo uma tortura pra ele.
—Nada que eu não possa lidar. —Ele me deu um selinho. —Chega pra lá espaçosa.
Me afaste pro canto a cama, o lugar não era muito espaçoso e nada comparado a nossa cama, mas dava pra nós dois dormimos juntos.
—Você não vai trabalhar amanhã?
—Sim. E daí?
Ele me abraçou e o cheiro dele me dava uma sensação de paz.
—Você deveria dormi em casa no conforto. Aqui toda hora entra alguém pra conferi como eu estou. Você não vai conseguir dormi direito.
—Em casa eu também não dormiria bem, pelo menos aqui eu tenho você.
Revirei os olhos ele sabia bem o que dizer pra me fazer amá-lo cada vez mais.
{...}
Meu pai estava fazendo de tudo pra provar minha inocência, mas não queria me manter ali dentro por mais tempo, minhas opções era hospital psiquiátrico ou a morte e diante dessas alternativas eu não tinha que ficar sofrendo ainda mais dentro daquela cela então o julgamento seria logo. Ele não estava nada confiante com aquele julgamento, as coisas que ele tinha me dito me deixava muito confusa eu tinha certeza de que eu não tinha feito aquilo, porém eu não me esvaia totalmente da culpa não quando ele estava sobre a minha responsabilidade eu devia ter vigiado ele, o Robert tinha confiado em mim. Mas as palavras do medico me deixaram bem confusa. A melhor estratégia pro meu pai era alegar doença mental, falar que eu ainda não tinha superado o luto pelo meu filho e tinha feito isso por causa dos fortes remédios que eu andava tomando. De toda forma ele não estaria mentindo eu jamais conseguiria superar a morte do Antony e me doía ter que responder por algo que eu não tinha feito, mas pra provar o contrario eu necessitaria de tanta energia e uma energia que eu não tinha naquele momento. Por mim a pena de morte seria bem vinda e só daria fim a todo aquele sofrimento, mas eu entendia o como aquilo doeria nos meus pais então se eu tivesse que passar o resto dos meus dias em uma clinica psiquiátrica eu o faria sem reclamar.
Fechei meus olhos e a memória de como todo aquele inferno tinha começado atacou minha mente:
{...}
—Que inferno você percebe quanto é incompetente? A única coisa que eu pedi a você foi para que você me desse um filho e nem isso você é capaz de fazer. —Ele gritou apontando o dedo pra mim...
{...}
Acordei vendo que aquela discussão não tinha passado de um sonho ruim, ele jamais falaria aquele tipo de coisa pra mim, mesmo que pensasse e tivesse motivos pra pensar assim.
—Tudo bem amor? —Ele perguntou acordando também. Esfregou os olhos e se sentou ao meu lado.
Balancei a cabeça negando eu não estava me sentindo nada bem.
—Eu tive um sonho ruim.
Ele me puxou pra ele e voltou a se deitar me levando junto, me aconchegando no peito dele.
—Que me contar?
Ele estava fazendo um carrinho tão bom na minha cabeça que eu estava quase dormindo novamente.
—Não —Eu não podia contar a ele o que tinha acontecido, se eu falasse qualquer coisa ele iria voltar com aquela conversa de que devíamos para de tentar.
—Você deve está nervosa com amanhã e por isso esses pesadelos. —Eu sabia que ele iria arrumar uma brecha pra tocar nesse assunto.
—Robert. —Implorei que ele não voltasse aquela discussão.
—Lousie. —Imitou ele. —Eu só quero o seu bem nos podemos ter filhos de outra maneira. Existe adoção, inseminação artificial, barriga de aluguel... São tantas as opções. Eu só não acho justo você ficar se submetendo a todas essas cirurgias.
Revirei os olhos com a contradição das suas palavras.
—Você mesmo disse que adoção não é pra você, você não sabe se vai conseguir amar uma criança que não é sua. —Ele tinha dito isso durante uma das nossas conversas no início do casamento sobre filhos. Eu queria ter os meus biologicamente falando e queria adotar outros eu amava crianças e sim eu sabia que podia amar qualquer um como se fossem meus próprios filhos, mas ele se mostrou contra alegando que não sabia se conseguiria amar (amor de pai) uma criança que não era dele.
—Isso foi no passado quando eu não sabia muito sobre o assunto, mas eu andei fazendo umas pesquisas e pode dar certo.
—Eu quero engravidar Robert, eu quero sentir meu filho se desenvolvendo dentro de mim e depois amamentar e eu não vou abrir mão disso então nada de barriga de aluguel. Nós podemos adotar depois e inseminação artificial pra que se meu problema não é pra engravidar e sim manter o feto? —O problema não era engravidar mesmo, essa parte era até fácil. Quantas vezes eu já tinha ficado grávida? A resposta era simples nove em sete anos de casamento eu tinha engravidado nove vezes e eu não tinha conseguido manter nenhum dos bebês, eu sempre sofria um aborto espontâneo antes mesmo que chegassem ao três meses.
—Eu não sei só... Por favor Lousie. Promete pra mim que essa vai ser a última cirurgia e se não der certo você vai parar com isso.
—Você quer parar com esses pensamentos negativos. Você precisa pensar positivamente eu sinto que dessa vez vai funcionar.
—Ok.
Não tinha nenhuma convicção na voz dele, mas eu não podia culpá-lo não depois de tantas decepções.
[...]
Eu não fazia idéia de quanto tempo eu estava sentada naquela mesma posição com aquele exame mostrando positivo na mão, porém devia fazer um bom tempo por que ele já tinha chegado do trabalho.
—Aconteceu alguma coisa?
Ele não precisou se aproximar muito pra ver o que estava na minha mão.
—Positivo? —Ele perguntou e se sentou ao meu lado.
—Sim. —Eu queria me sentir cem por cento feliz, mas eu não conseguia. Não com a ameaça constante de um dia eu acorda e já não está mais grávida de ter abortado enquanto dormia.
—Vai ficar tudo bem. Lembra pensamento positivo vai dar tudo certo.
Nem ele mesmo acreditava nas palavras dele.
—O médico não disse que a cirurgia foi um sucesso? —Balancei a cabeça afirmando. —Então. Vai dar tudo certo.
—O fato da cirurgia ter dado certo não significa que eu vou conseguir você bem sabe que ele não me deu garantia nenhuma era só uma alternativa que podia funcionar.
O médico não tinha me enganado ele tinha deixado bem claro quais eram minhas chances.
—Então vamos se apegar ao fato de que pode funcionar.
Ele me abraçou e deu um beijo no topo da minha cabeça.
—Eu te amo independente do que acontecer eu vou estar aqui.
—Eu te amo tanto. — Larguei o papel no chão e me virei pra ele me virando e abraçando ele. Mesmo com tudo ele nunca saiu do meu lado e essa era a maior prova de amor que ele podia me dar.
[...]
—Vamos? —Ele perguntou pegando a chave em cima da mesinha.
—Você se incomoda em não sabermos o sexo hoje? —Perguntei.
Ele me olhou sem entender eu sabia que aquela era uma atitude incomum em outras vezes eu era a mais ansiosa pra descobrir o sexo começar a compra roupinhas, arrumar o quarto. Mas eu não conseguia expulsar aquele medo de que eu pudesse perder e depois que eu me apegava era bem mais difícil lidar com a perda.
—Mas eu pensei...
Eu sabia que ele estava realmente acreditando que dessa vez pudesse dar certo. E o resultado daquela cirurgia era o grande culpado disso, mas eu não conseguia não depois de tantas percas.
—Eu sei, mas eu só quero esperar mais um pouquinho. —Eu estava perto de completar quatro meses e isso era um recorde eu nunca tinha chegado tão longe.
—Você que sabe baby. A decisão é sua.
[...]
Fizemos o caminho em silêncio, o único barulho era o dos carros na rua.
—Fica calma vai dá tudo certo.
Ele apertou minha mão. Respirei fundo e saímos do carro.
Eu tinha pavor daquele lugar, ali eu tinha recebido minhas melhores e piores notícias dos últimos anos.
Aquela musiquinha de elevador só servia pra me deixar mais irritada. Chegamos hall de entrada.
Parei ele é pedi:
—Você pode ir lá que enquanto eu espero aqui sentada?
—Está tudo bem?
—Sim só me irrito com toda a formalidade.
—Tudo bem então me espera lá.
[...]
Eu nunca tinha feito tantos exames na minha vida, mas eu sabia que era importante para saber se estava tudo bem e com meu histórico eram mais do que necessários.
—Vão querer saber o sexo?
Ele me olhou como tinha dito antes de saímos de casa quem decidiria seria eu.
—Agora não.
—Ok.
Eu não conseguia tirar os olhos da pequena tela. A médica passou o aparelho pela minha barriga e uma imagem ocupou todo o espaço da tela, eu não conseguia identificar nada ali, a médica fez um movimento e mexeu em alguns botões e de repente eu conseguia ver com exatidão meu bebêzinho. Senti o toque da mão do Robert se intensificar eu olhei pra ele e tinha uma lágrima escorrendo do olho dele.
—Vocês tem certeza sobre não querer saber o sexo do bebê? Tenho uma boa visão.
O Robert me olhou cheio de expectativa, eu sabia que ele queria saber e mesmo cheia de medos de que me apegando e criando laços (mais ainda do que já existia) eu sofreria mais na hora de me despedir eu dei autorização pra ela dizer o sexo.
—É um menino. Um menino bem grande.
Senti um beijo ser depositado no meu rosto, mas eu não conseguia tirar meus olhos da tela.
—Prontos para ouvir o coração? —A médica perguntou.
—Por favor. —O Robert pediu e a doutora mexeu em uns botões e um som bem fraquinho tomou conta do ambiente. Aquele era o som mais gostoso da face da terra.
—Hum.
Ela mexeu mais um pouco antes de para o exame de forma abrupta:
—Me dê licença, por favor.
—Está tudo bem? —O Robert perguntou preocupado.
—Sim só preciso de uma segunda opinião.
Ela saiu do quarto e eu encarei o Robert, não precisava nem ser muito inteligente pra saber que alguma coisa tinha acontecido e que alguma coisa estava errada.
[...]
Eu ainda não entendia direito o que estava acontecendo, minha única certeza era que algo de muito sério e errado estava acontecendo com o meu bebê e ninguém queria me dizer nada, eu tinha feito tantos exames.
—O bebê de vocês têm um sério problema no coração. —Eu só consegui me prender a essas palavras todo o resto que ele explicou sobre a doença que meu pequeno bebê tinha passou que eu não consegui entender nada.
—Mas esse problema tem cura? —Perguntei interrompendo o que o médico dizia.
—A melhor opção nesses casos é o transplante.
—Transplante? Mas ele é só um bebezinho. —Ele nem tinha nascido como ela queria fazer um transplante? Não aquilo era loucura dela.
[...]
—Você precisa ficar calma não se esqueça que você está grávida.
Só ele podia achar que eu pudesse ficar calma diante de tudo aquilo que eu ouvi naquele hospital. Hoje era pra ser um dia feliz tínhamos descoberto que nosso pequeno bebê era um menino e em outro momento eu faria até uma festa por esse simples fato, mas agora...
—Você tem que trabalhar? —Perguntei só podia ser isso já que ele estava separando uma roupa social.
—Infelizmente eu tenho uma reunião muito importante hoje. Vai ser rápido, mas eu vou ligar pra sua mãe.
Fiz uma cara feia eu precisava dele.
—Eu não quero minha mãe eu preciso de você.
Ele olhou pro celular e pra mim e com um sorriso triste ele desistiu.
—Saiba que vamos ficar um monte menos rico se minha secretária não conseguir remarca essa reunião. —Ele digitou alguma coisa no celular e deixou o aparelho por ali.
—Tira o sapato antes de deitar. —Reclamei vendo que ele faria exatamente o que eu tinha dito.
—Chata. —Debochou.
—Que você ama. —Provoquei.
Ele se deitou ao meu lado e me puxou pra ele.
—E como amo.
Ele começou a me beijar me puxando cada vez mais pra ele e eu senti a temperatura aumentar. Me afastei um pouco buscando ar.
—Eu acho que estamos precisando relaxar um pouco. —Ele disse cheio de malícia.
[...]
—Você demorou. —reclamei assim que ele entrou no meu campo de visão. Deixei o livro que eu lia de lado e me virei pra encarar ele.
Eu o estava esperando para jantar e ele estava uma hora atrasado.
—Fui ao shopping.
Estranhei, ele odiava o shopping.
—Shopping?
—Sim queria dar o primeiro presente ao meu filho.
Ele me estendeu uma caixinha branca e antes mesmo de abrir o presente eu já sentia meus olhos cheios. Abri o presente com delicadeza e meus olhos transbordaram com o minúsculo sapatinho na cor branca, era tão pequeno e delicado.
—E lindo.
—E tem mais...— Ele me estendeu um outro embrulho retangular, um pouco maior do que o primeiro.
Abri curiosa e não me surpreendi nada por ter uma camisa do time dele, Real madri, só que em uma versão minúscula. Senti meu coração aquecer só de imaginar um menininho de olhos verdes como os dele vestindo aquela camisa enquanto acompanhava o pai na frente da televisão assistindo, como ele chamada um espetáculo. Por mais que se ele colocasse meu filho próximo a ele pra assistir um jogo ele teria que aprender a se controlar e não poderia ficar gritando como normalmente ele fazia.
—Ele tem que aprender desde pequeno o que é bom.
—Quero só ver se ele torce pra outro time. —Provoquei, eu sabia do amor irracional do meu marido pelo esporte não tão comum e pelo time Real Madri.
—Prefiro que ele jogue em outro time. —Não acreditei que ele estava mesmo sugerindo que fosse melhor meu filho ser gay do que torce para um time de futebol diferente do dele.
—Robert.
Ele olhou como se a errada fosse eu.
—Nem vem com Robert.
[...]
—Finalmente meu irmão conseguiu dá uma dentro. —Provocou o Steve, todos ali sabiam da nossa dificuldade em engravidar e eles tinham estado conosco em todos os ganhos e todas as perdas então eu não conseguia me ofender com aquele comentário principalmente por ter vindo do cara que chorou comigo por mais de duas horas quando eu perdi meu primeiro bebê.
Todos ali sabiam que meu bebê precisaria ser forte logo nos primeiros meses e todos, absolutamente todos tinham nos dados apoio e uma coisa que minha sogra disse me fez mudar minha maneira de enxerga as coisas. "Tenha fé minha menina que as coisas irão acontecer da forma que tenham que acontecer. Se preocupar demais não vai ajudar em nada e ainda pode prejudicar seu bebê. Então aproveite sua gravidez e deixe o futuro pra ser vivido no futuro." E claro que eu não conseguia deixar de me preocupar totalmente, porém eu deixei de me preocupar tanto.
—Ele sempre dá dentro Steve. —Eu podia senti meu rosto esquentar, mas eu já tinha me acostumado com os comentários de conteúdo sexual de todos eles ali. Falar de sexo pra eles era como falar bom dia.
—Meu Deus já dá pra vê sua barriga. —Eu nem tinha visto a Katherine se aproximar e nem ouvido ela chegar. Ela se ajoelhou na minha frente e colocou a mão na minha barriga. Uma vez eu tinha ouvido uma frase "barriga de grávida não tem dono" e aquela frase era tão real todo mundo chegava até mim acariciando minha barriga.
—Quatro meses né madrinha irresponsável. —Brinquei jogando no ar que tínhamos escolhido ela como madrinha.
—Quatro meses? Meu Deus parece que foi ontem que vocês chegaram aqui abatidos por causa de tudo e agora...— Ela levou mais tempo do que o necessário pra entender.—Madrinha? Sério?
Balancei a cabeça afirmando.
—Se você quiser é claro?
—Meu Deus... Meu Deus... —Ela deu uns pulinhos e se jogou em mim me abraçando o impacto do corpo dela contra o meu quase me derrubar, por sorte eu consegui me equilibrar.
—Katherine pelo amor de Deus cuidado. —O Robert estava perto de mim em um instante e encarava a irmã mais nova com um olhar assassino. De repente eu tinha me tornado o centro das atenções.
—Fica calmo foi um acidente. —Mesmo que eu sabia o que provavelmente aconteceria se eu tivesse caído ali.
—Desculpa Lou.
—Tudo bem Katherine. Mas você ainda não me respondeu se aceita ou não?
—E claro que eu aceito. Eu já estava mesmo pesquisando alguns modelos de quarto pra se inspirar eu pensei nas cores rosa e verde, um verde bem claro e vivo e bichinhos vai ficar tão lindo. —Ela disparou pra cima de mim sem nem respirar.
—Vamos ver com calma e juntas e não se esqueça que seu afilhado é menino. —Lembrei as vezes a Katherine precisava de limites.
—Quando vocês começam a falar sobre bichinhos e cores eu saio. —Ele me deu um selinho antes de se voltar pra onde ele estava, junto com os rapazes.
Quando ele já estava longe pra ouvir ela comentou:
—Ele está todo bobo que vai ser papai né?
—Bobo e preocupado.
Ela fez uma careta e virou o rosto não deixando que eu olhasse pra ela. Minha cunhada sensitiva que simplesmente deixava tudo transparecer no olhar.
Não era difícil saber que tinha alguma coisa de diferente ali, Katherine não era nada parecida com os pais. Enquanto o Robert era a cara da mãe, os cabelos em um tom entre o ruivo e o loiro, meio bronze, os olhos verdes e o rosto que lembrava muito a mulher que o tinha colocado no mundo o Steve era a cara do pai, ambos loiros, olhos azuis e o rosto mais gordinho não tão fino como o da mãe e do irmão. Já a Katherine ela não se parecia em nada com nenhum deles ali, baixa (muito baixa pra idade dela 1,56), cabelos em um tom preto e os olhos em um tom tão escuro quanto os cabelos, mais branca que qualquer outro ali. Ela possuía uma entrega e uma sensibilidade sobre humana (por mais que ela ficasse muito puta quando falássemos isso), não era atoa que o apelido dela fosse fadinha ela realmente lembrava uma fada. Minha desconfiança era que ela era adotada, por que não se parecia nem com o Oliver e muito menos com a Adele pra ser fruto de uma traição. Mas o Robert garantia que se lembrava perfeitamente da mãe grávida e como ele já tinha 15 anos quando ela nasceu provavelmente ele realmente se lembrava e era só uma coisa diferente que procurando a ciência explicaria.
—Ele tem razão em ficar preocupado? —Perguntei, desde que eu tinha entrado pra família eu tinha me tornado amiga daquela baixinha e sabia perfeitamente interpretá-la, eu conhecia ela desde sempre.
—Eu só sei que você vai precisar ser muito forte e confiar em si mesma e em Deus, está tudo na mão dele.
—Katherine o que vai acontecer? —Perguntei já ficando assustada eu confiava muito nas previsões futurísticas dela.
—Eu não sei Lou, só sei que viram tempos difíceis e você precisa ser forte e confiar em si mesma acima de tudo.
—Confiar em mim pra que Katherine? —Coloquei a mão no meu ventre só querendo proteger meu bebê.
—Eu vou falar com a minha mãe cheguei aqui e nem falei nada com ela. Pode uma coisa dessa?—Ela levantou e fugiu ignorando completamente meus chamados. Eu sabia que não adiantaria insistir ela não me diria mais nada.
[...]
—Está tudo bem? —Ele perguntou me olhando, já era madrugada a festa tinha durado bem mais do que esperávamos. Mas foi bom um tempo em família.
—Sim só que a Katherine me falou algumas coisas que me deixou nervosa.
Ele suspirou ele odiava quando a irmã bancava a vidente e por mais que cem por cento das vezes ela acertasse ele ainda sim fingia que ela não passava de uma boa observadora.
—Ignora. Ela também veio querer prever o meu futuro eu só ignorei.
—O que ela te falou? —Perguntei curiosa, como nossas vidas se misturavam o que ela falou pra ele pudesse esclarecer o que ela me disse.
—Ela disse que é pra mim não desistir de você.
—Você tem motivos pra desistir de mim?
—Não pira em. Estamos em uma fase maravilhosa, você vai me dá um filho, nossa vida sexual está excelente, você ainda é minha amiga e eu te amo. Porque eu desistiria de você?
—Sei lá. Não sou a Katherine e não sei o futuro.
—Na saúde e na doença, na tristeza e na alegria até que a morte nos separe. Lembra? —Ele citou parte dos nossos votos.
Fiz como minha sogra disse e deixei de me pensar no futuro. Deitei minha cabeça no ombro dele e foquei minha atenção na estrada vazia que se estendia na nossa frente.
[...]
Eu estava sentindo uma falta de ar terrível, cutuquei o Robert e chamei ele.
—Que foi? Aconteceu alguma coisa? Desejo de novo?
—Eu não estou conseguindo respirar.
—Vem senta.
Ele me ajudou a me sentar, minha barriga já estava grande e incomodava um pouco.
—Respira como a médica recomendou.
Tentei fazer como a médica disse, mas não estava ajudando muito.
—Não está funcionando.
—Vamos pro hospital.
Ele se levantou e já foi por closet, ele voltou vestindo uma calça, blusa e um tênis e trazia um vestido meu em mãos.
[...]
—Eu não acredito que eu vou passar o resto da minha gravidez aqui? —Reclamei com a minha mãe. Minha falta de ar tinha chegado em níveis preocupantes é minha médica achou melhor que eu fosse observada 24 horas por dia.
—Pensa pelo menos aqui você vai conseguir respirar. —Minha mãe se achava muito engraçada.
—O papai chega quando? —Eu tinha uma ligação enorme com o meu pai ele ali conseguiria me deixar melhor, ele sempre tinha a palavra certa.
—Ele disse que ia tentar pegar o primeiro vôo que o trouxesse de volta e sendo por você daqui a pouco ele deve está aqui. —Eu sabia que ela só estava fazendo charme ela amava a relação que eu tinha com o meu pai.
—Mas sua cunhada como ela está? —Minha mãe era apaixonada pela Katherine, ou melhor pelas visões da Katherine.
—Bem mãe. Lembra ela é vidente pode prever o perigo. —Falei rindo e mexi naquela máscara de oxigênio. Aquilo incomodava muito. —Mas ela disse uma coisa que eu não consegui entender.
—O que?
—Que eu devia confiar em mim mesma. Mas isso pode significar muita coisa. Além de que ela disse que virão tempos difíceis.
—A primeira parte não significa muita coisa nada, não tem o que pensar muito ela disse pra você confiar em si mesma e você só tem que fazer isso e sobre os tempos difíceis você é forte vai superar qualquer coisa e você sempre pode correr pro meu colo eu te protejo de tudo. —Eu queria muito ir até ela é abraçá-la, mas aquele monte de fios e tubos me impediam.
—Eu te amo mamãe.
[...]
—Hoje eu vou dormi com você. —Ele anunciou.
—Bem que eu queria que você dormisse comigo. —Falei fazendo cara feia. Eu estava com muita vontade dele.
—Em breve.
—Você deve está subindo pelas paredes. —Meu marido sempre foi fogoso e ficar todo esse tempo sem sexo devia está sendo uma tortura pra ele.
—Nada que eu não possa lidar. —Ele me deu um selinho. —Chega pra lá espaçosa.
Me afaste pro canto a cama, o lugar não era muito espaçoso e nada comparado a nossa cama, mas dava pra nós dois dormimos juntos.
—Você não vai trabalhar amanhã?
—Sim. E daí?
Ele me abraçou e o cheiro dele me dava uma sensação de paz.
—Você deveria dormi em casa no conforto. Aqui toda hora entra alguém pra conferi como eu estou. Você não vai conseguir dormi direito.
—Em casa eu também não dormiria bem, pelo menos aqui eu tenho você.
Revirei os olhos ele sabia bem o que dizer pra me fazer amá-lo cada vez mais.
{...}
Notas Finais/Avisos
Antes de iniciar essa leitura acho que é valido alguns avisos.Nessa história eu segui um caminho mais dramático e triste então aconselho lerem com uma caixinha de lenço ao lado por que a intenção é fazer vocês chorarem.
Essa mesma história está sendo publicada como fanfic pra ler basta acessar o menu de capitulos.
Como eu disse antes só voltaria a publicar uma nova, ou antiga, história quando eu já as tivesse concluídas e sim "Storm" já está concluída. As atualizações serão dia sim e dia não e a cada recomendação recebida eu publico um novo capitulo. Mas se o retorno dá fic não for satisfatório (muita gente acompanhando e poucos comentários) eu vou alterar para um capitulo por semana, porém eu aviso se isso acontecer.
Obrigada a Alicia pela ajuda na revisão e pelas palavras de incentivo sobre esse novo projeto. Por mais que ainda não estejamos totalmente seguras sobre as virgulas.
Eu ainda não tenho certeza sobre a capa e a sinopse é pode ser que eu a altere no decorrer da história, então fiquem atentos e não esqueçam de adicionar a história nos acompanhamentos pra não perde-la.
É isso, espero que gostem e me deixem saber o que acharam do capitulo.
Não esqueçam de comentar e compartilhar com os amigos.
Obrigada pela leitura!!!
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13/09
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