—Eu sinto muito. —Disse pela nona ou décima vez, mas eu não tinha condições algumas de comparecer a um funeral o que eu precisava era esperar ele sair tomar uns dois ou três soníferos e dormi até que aquele dia finalmente passasse.
—Compreendo perfeitamente seus motivos. —Ponderei se não valia um esforço para que eu ao menos tentasse, mas eu me conhecia o suficiente pra saber que não daria certo. Só de pensar em está naquele velório eu já sentia meu coração disparar de forma assustadora, reconhecia perfeitamente os sinais do inicio de uma crise de pânico. Ir aquele cemitério só serviria pra dá mais trabalho pra eles, provavelmente eu não resistiria ao primeiro minuto sem ter que se levado ao hospital. —Pare de se tortura com isso eu posso lidar com isso sozinho, vou ficar bem. —Era dá boca pra fora, ele não ficaria nada bem pelo menos não hoje, alias ele não estava nada bem.
Em soluços silêncios me aproximei dele e arrumei a grava escura, ele estava todo de preto. Ele enxugou as lágrimas dos meus olhos.
—O que você pretende fazer o dia todo? —Eu percebi que ele escolheu com muito cuidado as palavras.
—Vou dormi.
—Você pode ajudar a Victoria a separar as coisas do Thomas? —Não acreditei que ele me pediu aquilo. —Vai ser mais fácil pra mim não ter que tropeçar em brinquedos o tempo todo pela casa.
Respirei profundamente tentando manter minha voz.
—È pra arrumar tudo no quarto dele? —Perguntei no fio de esperança, mas pela expressão dele eu sabia que não.
—Não eu quero tudo fora, roupas e brinquedos sua mãe sugeriu doar pra igreja e os moveis minha mãe vai retirar tudo amanhã.
—Mas você vai se desfazer de tudo? —Perguntei incrédula.
—Sim eu não quero que todas as memórias do meu filho fique ligadas a um quarto. —Ele disse com ódio evidente na voz e as palavras dele me atingiram como um tabefe bem no meio da cara. —Baby eu sinto muito.
Como se desse conta do que disse ele tentou me tocar mais me afastei nervosa demais pra conseguir manter a posse de que estava tudo bem.
—Isabella.
Virei de costas pra ele querendo esconder meu rosto enquanto as lagrimas rompiam meu peito e uma dor física tomava conta de cada fibra do meu corpo.
—Pode ficar tranqüilo que eu vou ajudar a Victoria. —Afirmei entre lágrimas e corri pro banheiro fugindo dele.
[...]
Eu tinha passado algumas boas horas chorando trancada naquele banheiro, ele tentou falar comigo, mas eu não o respondi algum e algum tempo depois ele apenas desistiu.
Tive que me recompor quando batidas na porta era a Victoria. E pensando bem eu sabia que ela só estava aqui hoje pra fazer aquela tarefa porque o Edward tinha medo de me deixar sozinha, tristemente voltamos aos primeiros dias depois da morte do Antony, dias esse que eu fiquei instável e era uma ameaça a mim mesmo.
Ela tentou abri a porta, mas por eu está sentada atrás ela não conseguiu, era péssimo não ter tranca naquela porta.
—Senhora Swan?
Enxuguei minhas lágrimas e fiz o melhor que eu pude em relação a minha voz.
—Sim. Você pode me esperar no quarto do Thomas.
—Está tudo bem?
Respirei fundo, queria ser sincera e dizer que não, que na verdade eu me sentia desmoronando por completo.
—Está apenas vou me trocar. —Aquele sempre era o caminho a ser seguido dizer que estava tudo bem e talvez, só talvez funcionasse pra melhorar as coisas.
[...]
Chorei um pouco mais em baixo do chuveiro eu precisava daquilo pra conseguir fazer o que eu tinha que fazer sem desmoronar. Sai do quarto vestindo uma roupa simples pra ficar dentro de casa cheguei no quarto e tive que me controlar muito pra não cair no choro. Ela já tinha iniciado o trabalho e tinha uma boa quantidades de roupas dentro de uma caixa, além disso várias outras caixas de papelão estavam acumuladas em um canto no quarto.
Fui até o guarda-roupa pegando alguns cabides e tirando as roupinhas dali e dobrando, ele tinha bastante roupa teríamos bastante trabalho. O cheirinho de bebê presente naquelas roupas era um forte conforto pra alma, eu só tinha memórias boas naquele lugar.
—É tão estranho pra senhora saber que ele não vai mais abri o berreiro a qualquer minuto? —Ela perguntou depois de alguns minutos em que realizávamos aquela tarefa em silencio.
—Sim. Eu já disse pra parar de chamar de senhora, Isabella ou Bella.
—Okay Bella, eu tinha me apegado tanto a aquele bebê chorão. —Ela comentou, sim nos duas tínhamos nos apegado a ele mesmo que ele não tivesse nenhum laço sanguineo com nenhuma de nos duas.
—Sim eu acho que fiz mais do que me apegar a ele. —Comentei e levei um macacãozinho ao nariz sentindo melhor o cheirinho dele.
—Eu sinto muito.
—Você não quis ir ao enterro? —Perguntei querendo saber se tinha sido obrigada está ali.
—Não gosto de cemitérios, acho que ficar no meu canto e quem sabe fazer uma oração já é o suficiente.
—Somos duas.
Em algum momento eu percebi que ela estava chorando enquanto mexia nos sapatinhos dele e só ali eu percebi que se eu me permitisse chorar não seria uma coisa tão ruim e nem preocupante, aquela tarefa não era fácil. Mas naquele momento e só naquele momento eu percebi o quanto ela era necessária. Nada naquele quarto traria o Thomas de volta, apenas serviria pra deixar aquele sentimento de perda ainda mais evidente o mesmo servia pro museu do Antony que eu tinha criado, aquele lugar nunca tinha me feito bem, todas absolutamente todas as vezes que eu entrei ali só serviram pra me deixar ainda mais no fundo do poço, aquele lugar, aquelas lembranças serviam como uma escavadeira cavando ainda mais fundo me afundando ainda mais naquela tristeza.
—Depois você pode me ajudar fazer o mesmo no quarto do Antony? —Perguntei antes que eu perdesse a coragem.
—Tem certeza? —Não era segredo pra ninguém que aquele era meu porto seguro, ninguém se quer considerava entrar ali e ela tinha tido uma boa previa do que acontecia quando isso acontecia mesmo que por acidente. Ela tinha lidado com meu surto quando acidentalmente ela confundiu as portas eu tinha surtado com ela de tal maneira que ela teve que comunicar ao Edward sobre o ocorrido. Obvio que depois de um tempo eu consegui me acalmar e percebi o quanto eu tinha sido irracional com ela e me desculpei, mas a fiz me prometer que jamais voltaria a entrar lá dentro.
—Sim eu tenho, eu preciso o deixar ir.
Ela me deu um sorriso tímido, concordando com o que eu tinha dito e voltamos àquela dolorosa tarefa de desfazer todo aquele ambiente. A pior parte pra mim foi no momento em que eu comecei a juntar os brinquedos, eles eram as coisas que sempre tínhamos que ter por perto se quiséssemos distrair o Thomas. Nessa etapa eu apenas me permiti chorar pelo menino que tinha ficado tão pouco tempo na minha vida e mesmo assim conseguiu um espaço que ninguém fazia idéia.
Com tudo devidamente separado dentro das caixas de papelões ela começou a escrever com uma caneta identificando o que tinha dentro de cada uma delas enquanto eu lacrava-as com uma fita.
—Deu menos trabalho do que eu achei que daria, somos uma boa equipe senhora Cullen. —Ela insistia em me chamar de senhora e não adiantava quantas vezes eu pedisse pra ela simplesmente me chamar pelo nome, afinal eu não era tão mais velha que ela apenas alguns poucos anos.
—É somos.
Ela escreveu a palavra sapatos em letras garrafais e se virou pra mim me encarando.
—Podemos ir pro quarto do Antony agora?
Respirei fundo e levei mais tempo que o necessários para poder assentir.
Ela deixou que eu tomasse frente e apenas me seguiu ela parecia nada segura que realmente eu faria isso, ela trazia algumas caixas enquanto eu carregava os outros utensílios como cola, tesoura, fitas durex e canetas para identificarmos tudo depois. Senti minha mão tremer quando a levei até a fechadura, fazer aquilo era mais difícil do que parecia.
Assim que eu abri a porta o cheiro ruim de um ambiente tomou o nosso sentindo. Dei um primeiro passo e entrei ali sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto sem que eu conseguisse controlar, está naquele lugar trazia muitas sensações, tive que me controlar pra não gritar com a Victoria quando ela entrou no quarto, tive que me esforça pra me recordar que eu mesma tinha pedido ajuda a ela e o que faríamos ali.
—Eu posso abrir a janela senhora?
Balancei a cabeça confirmando em prantos eu chorava tanto que eu nem conseguia achar minha voz para responde-la. Observei ela ir até a janela e ter que usar um pouco mais de força do que o comum pra abri-la, eu não fazia idéia de quanto tempo aquele lugar tinha ficado fechado, mas fazia bastante tempo.
Diferente do quarto do Thomas que era todo em tons de azul o quarto do Antony era uma mistura de muitos tons de verde com maior destaque ao verde esperança. Eu lembrava que a Alice tinha insistido em fazer o tom do quarto do Thomas também em verde, mas arrumou um problema com meus pais e com o Edward que sabiam que qualquer semelhança entre os quartos podia me afetar muito. Eu tinha os flagrados eles discutindo uma vez no corredor porque a Alice tinha feito do jeito que ela queria e pintado de verde o Edward brigou com ela por causa daquilo e ameaçou demiti-la caso ela não seguisse o que tinha sido especificado no projeto. Ela era a decoradora que ele tinha contratado, essa era a profissão dela real e ela levava a sério então ela fez as alterações como o Edward tinha ordenado e fez absolutamente tudo diferente do quarto do Antony. Tirando que era os dois quarto de bebês nenhum semelhança por menor que fosse podia ser notada nos ambientes.
—Posso? —Ela pediu apontando pras gavetas, mas uma vez só balancei a cabeça.
Eu só tinha que agradecer ela por não está fazendo das minhas lágrimas um espetáculo por que eu tinha absoluta certeza que o momento em que ela o fizesse eu perderia toda a coragem e usaria aquilo como desculpa pra parar com tudo.
Não sei quanto tempo eu permaneci ali parada apenas olhando só depois que ela já tinha uma gaveta completamente arrumada que eu finalmente disse a mim mesma que eu precisava ser forte e que aquilo era necessário e me aproximei do guarda-roupa pegando o cabide. O cabide tinha um macacão branco que ele provavelmente nunca usaria já que nasceu maior do que o esperado e não entraria naquele macacão nunca. Eu podia afirma com toda certeza de que ele nunca tinha usado nenhuma daquelas roupas que estavam naquele quarto, todas elas era novas e ainda se podia ver as etiquetas, ele nunca tinha ido pra casa e as roupinhas que ele usou em todo seu tempo no hospital tinham ficado por lá e eu não fazia idéia de que fim tinham tido.
—Ele nunca ficou aqui né? —Ela perguntou percebendo que eu encarava a etiqueta da roupa por tempo de mais.
—Não. —Ele nunca tinha saído do hospital.
—Imaginei. —Ela me mostrou um conjuntinho de roupa com etiquetas.
Olhei pro canto ao lado da cômoda percebendo alguns sacos de presentes ali. Larguei o macacão e me abaixei perto pegando um dos pacotes e desatando o laço a fim de ver de o que eram. Dentro daquele primeiro pacote tinha uma roupinha linda de marinheiro que fez minhas lágrimas aumentar ainda mais, peguei o cartão vendo que tinha sido presente de alguns tios distantes. Abri todos os outros e era uma coisa mais bonitinha que a outra e tinha um pouco de tudo e bem mais pacotes do que eu imaginei: brinquedos de todas as espécies, roupas uma mais bonita do que a outra e que eu tinha certeza que meu bebê ficaria lindo vestindo-as, sapatos e todo o resto. Eu nunca tinha visto nada daquilo provavelmente chegaram quando eu fiquei internada e depois que o Antony nasceu eu nunca saia do hospital e depois da morte dele eu só entrava ali pra fugir de todo o resto, até mesmo os armários eu nunca tinha aberto era como se cada coisa ali pertencessem a um santuário que precisava ficar intocado.
Eu tinha sido proibida de ganhar presentes no hospital já que todo a roupa que ele usava tinha que ser devidamente esterilizadas além de serem roupas especificadas pela medica então quem ficava responsável por receber e guarda os presentes eram minha mãe e a Alice eu esperava que alguém tenha agradecido por mim, depois confirmaria com a minha mãe só pra alivio de consciência porque se ninguém tivesse o feito já era bem tarde pra fazer.
Comecei a empacotar por ali com os brinquedos e depois passei para o armário onde tinha alguns outros brinquedos e sabia que meu próximo destino seria o enorme baú colocado ali especialmente pra acomodar aquela quantidade enorme de brinquedos, alguns tão irracionais para um bebê já ter. Mesmo que meu filho nunca tenha ficado ali ele tinha mais coisa que o Thomas, bem mais coisa e a depois de um tempo a Victoria precisou sair para conseguir mais caixas já que o plano inicial era que apenas o quarto do Thomas e não para o do Antony também.
[...]
A Victoria estava demorando de mais então comecei a fechar sozinha as caixas que já estavam cheias, tomei um susto quando um barulho de vidro quebrando chegou as meus ouvidos, tomei um susto ainda maior quando vi minha mãe parada me olhando ela estava bem surpresa e não conseguia disfarça a bandeja que ela trazia em mãos estava agora no chão em uma bagunça do que parecia ser um lanche.
—Olá mamãe. —Me levantei e me aproximei dela deixando a caixa de lado.
—Vo..c.ê —Ela gaguejou como se não acreditasse no que estava vendo.
—Sim eu resolvi deixar ele ir. —Me controlei e consegui dizer sem chorar, eu não queria mais chorar. Minha cabeça já doía e eu sentia meus olhos bastante inchados.
Ela ultrapassou a bagunça que tinha causado e se aproximou de mim me abraçando.
—Porque você não avisou que faria isso eu poderia ter ficado e te ajudado.
—Não era necessário a Victoria está me ajudando e já estamos acabando.
Se ela tivesse ficado ali eu podia apostar que eu não conseguiria fazer aquilo e também valia o fato de que eu não tinha planejado fazer aquilo. O quarto estava quase vazio, sem brinquedos e com a maior parte das roupas já encaixadas nos seus devidos lugar.
—Eu posso ajudar?
Eu queria negar sabia que logo eu voltaria a chorar, mesmo não querendo, e eu não podia lidar com o consolo dela. Mas permiti por que ela jamais entenderia minha negativa.
—Sim. Claro só falta aquela parte ali. —Apontei para a porta no guarda-roupa, era onde ficavam as mantas, toalhas, e todo os panos necessários pro bebê.
Sentei naquela poltrona ali e pude perceber se tratar do mesmo material, ou um bem parecido, do quarto do Thomas. Aquela poltrona abraçava o corpo e oferecia um conforto maravilhoso. Foi impossível não me imaginar ali amamentando meu filho, mas aquilo não iria acontecer nunca e eu tinha que começar a aceitar isso. Assim que eu sentei meu corpo pareceu relaxar e eu senti um cansaço que eu não sabia que estava sentindo, mas era bom um sinal de que eu ainda estava viva.
—Você já almoçou? —Minha mãe perguntou, eu não fazia idéia de que já era tão tarde pra estarmos falando de almoço.
—Não.
—Tomou café pelo menos Isabella.
Esperei que meu silencio fosse resposta suficiente.
—Assim que acabarmos aqui eu prometo comer. —Era ruim aquele momento independente do tempo que eu ficasse sem comer eu não conseguia sentir fome e comer pra mim se igualava a tortura já que eu tinha que ficar forçando a comida e lidando com enjôos e ânsias de vomito como se eu tivesse comendo algo muito nojento.
—Eu vou cobrar.
Depois de algum tempo eu precisei perguntar.
—Como foi lá?
—Como você acha que foi? —Minha mãe não costumava ser muito irônica então realmente não devia ter sido nada agradável. —O Edward estava inconsolável.
—Eu devia ter ido. —Minha mente rebateu dizendo “não, você não devia”.
—Estava cheio de repórteres, uma assedio horrível você lá só iria deixar aquilo pior. —Ela fugiu do real motivo de ela nem ter considerado minha presença.
—Cadê o Edward?
—Ele queria ir trabalhar, mas o pai dele o convenceu a ir pra casa deles. —Era bem a cara dele fugir e se enterrar no trabalho quando as coisas complicavam.
—Ele precisa de um pouco de colo, ficar com a Esme vai fazer-lo bem.
[Cont...]
Notas Finais/Avisos
Comentários que ofendam os personagens são bem aceitos (entendo e me divirto com toda a raiva redirecionada a eles), mas comentários/mensagens e todo o resto que ME ofendam serão excluídos, bloqueados e denunciados. Isso ainda não aconteceu aqui no nyah (pelo menos não o que me deixassem realmente ofendida), porém eu recebi alguns e-mails e comentários no meu site que me deixaram um tanto "assustada". Lembrando que isso é uma história e há sempre a opção de que se você não gosta não leia, agora me ofender de forma gratuita e principalmente se valendo do anonimato só mostra sua covardia.Siga (Clique aqui) o site.
09/10
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