Algo como 07 anos depois
Isabella Swan
Encarei a lapide do meu filho e me permiti sorri. Era estranho está sorrindo naquele lugar, mas eu gostava de pensar que ele podia me ver onde quer que ele estivesse e se me visse não queria que fosse chorando, não mais.
Hoje seria o aniversário dele se ele estivesse vivo, nove anos. Tempo demais e mesmo assim no fundo do meu coração eu sentia como se tivesse sido ontem. Deixei as flores que eu tinha comprado no vasinho que tinha ali especialmente para aquilo. O tumulo estava perfeitamente bem cuidado, a pintura, a fotinha dele tudo tão limpo que eu facilmente podia acreditar que era diariamente limpado. Não fazia ideia de quem era o responsável por aquilo: Se eram meus pais, meus sogros ou ele, Edward – pensar nele me deixava ainda mais nervosa. Fazia mais de sete anos que eu não o via e procurava não perguntar dele, uma ou outra informação chegava até mim, porém eu fazia de tudo para apenas evitar. Eu precisei daquela distancia para entender muita coisa sobre nos dois, sobre tudo que vivemos. Hoje em dia eu podia listar nossos erros, não só os dele porque eu tinha muita culpa naquela história também, cometi erro atrás de erros. Os dele ficaram sempre mais em evidencia porque as pessoas tinham pena de mim, eu era a mãe que estava lutando pela vida do filho. Se eu pudesse voltar atrás e desfazer tudo que me levou até ali eu o faria sem nem pensar, todo aquele sofrimento não tinha valido a pena e ninguém ganhou nada com aquilo, nem eu, nem meu filho e muito o menos o Edward. Ficar forçando tanto o meu corpo a ter um filho não trouxe bem algum apenas muita dor.
Meus olhos foram atraídos ao tumulo ao lado do tumulo do meu filho, onde jazia o corpo do pequeno Thomas. Eu gostava de pensar no Thomas, diferente do pai a maioria das minhas memórias dele eram boas, uma vez ou outra aquele momento em que eu tirava ele daquela piscina vinha com tudo para me assombrar, mas eu tinha aprendido muito bem a lidar com meus demônios em forma de lembranças. Me inclinei e voltei a pegar o buque que eu tinha comprado para o meu filho e dividi pegando algumas flores para o Thomas, ele tinha grande significado na minha vida e era outro que eu nunca tinha tido a oportunidade de dizer adeus.
Uma solitária lágrima escorreu pelo meu rosto, de certa forma era meus dois filhos ali. Um foi biológico e o outro de coração. Assim como meu filho biológico com o meu filho do coração eu também cometi muitos erros, o principal dele foi não ter ficado por perto. Muita gente tentava me convencer de que comigo ali ou não, aquilo ia acabar acontecendo, aquela mulher era louca e eu tentava me convencer disso, porém meu coração não aceitava e aquela culpa ainda existia dentro de mim.
Dobrei meus joelhos e me ajoelhei, fechei os olhos e me permiti orar. Nada melhor para confortar meu coração e a alma deles do que uma oração.
[...]
Encarei o lugar a minha volta vendo o incrível trabalho de jardinagem que tinha sido feito, aquela parte do cemitério pertencia à família Cullen e eles podiam fazer o que bem quisessem com o espaço, eu só tinha estado ali uma única vez no enterro de uma avó do Edward e aquele lugar não era tão bonito assim. Sei que pode parecer estranho eu está me referindo a um cemitério como bonito, mas era tão limpo e tão florido, parecia um grande jardim e eu gostei de saber que meu filho estava descansando em um lugar assim. Depois de nove anos eu não sabia o que encontrar ali e algo daquele tipo jamais passo pela minha cabeça.
—Isabella? —O tom de voz macio e rouco do meu – eu não sei como me referir a ele atualmente e nem sabia se eu podia dizer que ele era meu, mas eu não esperava ele ali, não naquele momento. Tinha me preparado para encontrar ele, morando na mesma cidade, isso ia acabar acontecendo, mas nunca imaginei que ele estaria ali naquele momento que era tão meu. —Desculpa eu não... —Culpa, raiva, vergonha e outros sentimentos mais eram exibidos na confusão dos seus olhos verde. —Eu nem sabia que você tinha voltado. —Sinceridade
Respirei fundo e me para olha-lo melhor. Ele estava bonito como sempre foi, o tempo tinha feito muito bem, ele tinha ganhado um semblante mais firme. Estava vestindo de forma informal uma calça jeans e um grosso casaco que o frio da estação pedia. Nas mãos ele tinha dois buques de flores azuis, o que confirma que ele tinha vindo ver nossos filhos.
—Oi Edward. —Meu coração batia de forma ritmada e estranhamente eu me sentia em paz, sabia que precisava conversar com ele e colocar alguns pontos nos is antes de seguir em frente. Eu tinha fugido e deixado muita coisa pra trás. Já tinha passado da hora de voltar e consertas as coisas. —Eu acabei de chegar resolvi fazer uma surpresa.
—Hum. —Eu entendia a reação dele a última vez que eu tinha surpreendido tinha saído da clinica e ido embora do país sem falar com ninguém.
—Pode ficar a vontade eu já estou indo embora. —Minha missão ali já tinha sido feita, eu tinha finalmente dado adeus ao meu filho e estava me sentindo pronta para seguir em frente. —Me desculpa. —Pedi e antes que eu levantasse do banco em que eu estava sentada ele se sentou ocupando a outra ponta.
—Eu que devia te pedir desculpas. —Respirei fundo antes de decidir ficar, já tinha passado da hora de termos aquela conversa. —Se alguém fez algo errado aqui fui eu.
Fiquei tentada a virar os olhos.
—Nos dois tivemos nossa parcela de culpa. —Ele abriu a boca para me contradizer, mas eu impedi. —Eu podia fazer uma lista das vezes em que errei e das vezes que você errou. Se eu não tivesse insistido em ser mãe nosso filho não teria nascido tão doente e nada do que veio depois teria acontecido e eu não estou assumindo a culpa sozinha estou reconhecendo meus erros e espero que você reconheça e assuma os seus, mas apenas os seus sem querer me aliviar.
—Você só queria ser mãe. Isso não deve ser um crime tão grave. —Ponderou.
—Essa é a questão, ninguém está sendo julgado.
Um silêncio estranho se instalou entre nos dois. Não era fácil depois de todo aquele tempo apenas virar as costas e recomeçar. Eu tinha passado por um processo longo e doloroso e muitas vezes eu pensei em desistir, mas pensar nele tinha me dado forças e me feito seguir em frente. Hoje sóbria e limpa do que me fazia mal na época eu consigo ver o nosso amor em volta de toda aquela porcaria que nos cercava, muita coisa não foi amor. Mas teve seu ponto de verdade.
Eu ainda não entendia como eu podia dizer que eu amava o cara se eu mal sabia quem ele era, muito tempo tinha se passado e toda nossa vivencia nos modificou de uma forma profunda, então ele não devia ter nada daquele cara pelo qual eu me apaixonei. Ultimamente eu passava horas e horas falando sobre esse sentimento com o meu psicólogo, essa falta dele e vontade de revê-lo e ficar perto. Eu até tinha dito uma vez que eu preferia continuar naquele estado que eu estava antes se eu o tivesse por perto – Obvio que meu psicólogo não gostou nada da colocação, porém eu não podia deixar de admitir que era a mais pura verdade.
A compreensão de que aquele sentimento tinha duas faces, aquela dependência emocional dele foi que me fez ficar tanto tempo longe, só agora que eu conseguia ser feliz sem ele, e melhor, eu conseguia entender que eu amar ele não era o problema, agora amar ele acima de mim que era. Eu só podia ser feliz com ele se eu fosse feliz comigo mesmo. Conseguia separar o fato de que eu poderia ser feliz sem ele e que se eu voltasse a ficar com ele um dia seria apenas um acréscimo a minha felicidade e eu não seria única e exclusivamente feliz por causa dele.
—Acho que vou embora.
Encarei-o sem saber o que fazer. Quando eu tinha decidido voltar eu tinha duas tarefas principais em mente: despedir-me do meu filho e conversar com ele, colocando todas as cartas na mesa sendo mais sincera do que eu já achei ser capaz um dia.
Observei sem reação ele se levantando, tinha tanto pra dizer que não fazia ideia de por onde começar.
Ele se aproximou do tumulo do Thomas, que estava mais perto de nos e deixou as flores em cima do tumulo, observei ele tirar uns simples grãos de terra de cima e eu nem precisava saber que ele era o responsável por manter aquele lugar tão bem, aquele tipo de cuidado, a delicadeza que ele tirou os grãos de areia partiram meu coração.
—Quantas vezes você vem aqui? —Perguntei.
Observei as costas dele enquanto ele murchava um pouco diante da minha pergunta, eu não precisava de muito pra saber que ele vinha muito aqui, eu reconhecia todos os sinais.
—Algumas vezes. —Confessou envergonhado.
—Esse é seu quarto não é? —Esperava que ele entendesse aquela pergunta, o quarto que eu me referia era onde eu tinha passado muitos dos meus dias ruins, o quarto do meu bebezinho, o quarto inutilizado que eu levava como a última forma de me agarrar ao meu filho morto.
Senti meu coração se aperta diante da constatação de que ele sofreu tanto quanto eu naquela história toda e eu nem ao menos tinha enxergado isso até aquele momento. Como eu tinha sido egoísta em não ter percebido que a dor dele era tão grande quanto a minha e que mesmo assim em momento algum ele me abandonou. Eu me senti ainda mais culpada por tudo, mas principalmente por ter me permitido ser feliz e te deixado ele.
—Não é assim. —Ele entrou na defensiva. —Eu venho aqui quando sinto saudades deles e ... —Ele se virou para mim e só ali eu percebi que ele estava chorando. —Você que foi embora sem ao menos ter a consideração de dizer adeus. —Magoa, eu sabia que podia esperar isso dele eu tinha sido uma completa vaca quando eu decidir partir e me afastar daquilo tudo que me machucava, sai da clinica e fui embora do país, se eu não tivesse que usar o cartão de crédito que meus pais deixaram ali comigo para emergências em um sinal de confiança eles teriam passado um bom tempo sem saber onde eu estava. Esse sinal de confiança foi me dado quase dois anos depois da minha internação. Me lembrar da clinica me deixou um pouco desconfortável, não tinha sido de todo ruim e se eu resolvi voltar a viver foi graças as coisas que eu passei lá, mas ainda sim os métodos deles não eram nada ortodoxo e eu fiquei bem mal antes de começar a melhorar.
—Eu sinto muito, mas eu precisava.
Ele bufou e se afastou de mim, o corpo tinha ganhado uma postura defensiva e ele caminhou até o tumulo do Antony. Repetiu o mesmo ritual deixando as flores em cima e se inclinou o pequeno rostinho do bebe que tinha na foto da lapide.
—Acho melhor eu ir embora não quero brigar com você.
Me levantei e me aproximei dele antes que ele se fosse, inclinei minha mão para tocar o braço dele que se afastou de forma abrupta me surpreendendo. A profundidade da magoa dele era muito maior do que eu pensava.
—Vamos conversa, eu sei que faz muito tempo e que você deve me odiar, mas eu realmente precisava me afastar. —Encarei ele sentindo meus olhos cheios de lágrimas.
—Melhor não. —Senti meu coração disparar com a recusa dele, esperava que ele fosse mais aberto a opções.
—Por favor, aqui perto tem uma franquia daquele café que nos dois gostamos nos podemos sentar lá e conversar nem que seja pra colocar um ponto final definitivo em tudo. —Vi como os olhos dele se arregalaram diante da minha frase. Eu sabia que o divórcio seria nosso melhor caminho, recomeçar do zero isso se viéssemos a recomeçar.
—É só pedir o divorcio peça para seu advogado entregar a mim que eu assino, não precisamos conversa sobre isso. —Ele abaixou os olhos encarando o chão. —Devíamos ter assinado isso na primeira vez que você pediu. —Minhas lembranças foram a muito tempo atrás na primeira vez que eu tinha pedido o divorcio, naquela época assim como agora eu não queria mesmo romper com ele.
—Por favor, escute o que eu tenho a dizer. —Eu tinha muito o que falar e precisava ser eu a contar a ele, não me perdoaria se ele soubesse por outra pessoa. Já tinha sido muito errado da minha parte fazer tudo que eu tinha feito sem falar com ele e se ele soubesse por outros eu nunca ia me perdoar. —É muito importante. —Pedi.
—Tudo bem eu aceito um café. —Dirigi um sorriso a ele. —Mas não posso ficar muito tempo. —Concordei, sabendo que depois que eu falasse o que eu tinha para falar ele nunca mais iria querer olhar pra mim.
[Cont...]
Notas Finais/Avisos
Confuso? Eu dividi esse momento em três capitulo e um bônus que é a versão do Edward dos acontecimentos. Não gostei de como o tempo dela na clinica soou em nenhuma das versões que eu escrevi, não tinha muita ação, tinha muito do mesmo e ainda correria o risco de mudaria todo o rumo da fanfic.Me siga no instagram: https://www.instagram.com/MorganaSOficial/
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21/03
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