—Lousie. —A voz da minha mãe me chamou atenção me tirando dos meus pensamentos suicidas. Finalmente tinha chegado o dia do meu julgamento, meu pai tinha preparado toda uma história que servia para me livrar da pena de morte a melhor parte daquilo era que ele tinha conseguido fazer aquilo sem que eu precisasse confessar algo que eu não tinha feito, meu único papel ali seria ouvir e falar a verdade que os laudos e os médicos fariam toda a mágica pra me salvar. Pelo menos ele contava que isso fosse o suficiente.
—Sim.
—Vai ficar tudo bem eu já pesquisei as possíveis clinicas e seu pai vai conseguir que você fique na melhor, você vai ser muito bem tratada e cuidada. —Sabia que pra minha mãe estava sendo muito difícil lidar com aquela história e só por ela que eu não tinha implorado ao meu pai que deixasse a tal justiça ser feita e me livrado de uma vez por todas daquela situação não seria fácil convencê-lo, contudo eu sabia como conseguir qualquer coisa do meu pai. Sorri pra ela tentando demonstra algum tipo de felicidade, ela já tinha tido um pequeno surto com o resultado dos laudos dos médicos que diziam em um jeito mais direto o que eu já sabia, eu estava em depressão, com tendências suicidas e no começo de uma psicose causada pelos remédios que eu viciada me recusava a largar e eu não precisava que ela surtasse novamente.
—Eu sei. —Sabia mesmo o grande problema era que eu não me importava.
[...]
O julgamento nem tinha começado e já tinha sido uma tortura até ali. Eu podia fazer uma lista de coisas que em algum momento teria me importado, mas ali pouco me fazia diferença.
Meu marido estava próximo demais da mãe do falecido filho dele, ele não, ela que estava sentada quase no colo dele de tão próximos que estavam e eu não culpava ela se ele estivesse se sentindo incomodado ele que se afastasse. Sentei no lugar que estava destinado a mim e mantive minha cabeça baixa eu só queria que aquilo passasse logo e que eu pudesse ficar quieta no meu canto, mesmo que fosse dentro de uma cela. Depois de alguns minutos eu não consegui evitar e meus olhos foram para aqueles que eu julguei ser minha família, que eu imaginei que eram pessoas que me amavam e que me conheciam e eles tinham simplesmente me virado as costas no momento em que eu mais precisei deles. Minha sogra, Esme, mal conseguiu me encarar era tão ruim que nem ao menos parecia que eles tinham uma única duvida diante daquilo eu voltei meus olhos pra frente.
O julgamento começou e eu não estava fazendo nenhum esforço para prestar atenção no que era dito sobre mim e sobre o crime que supostamente eu tinha cometido. Só na hora em que meu marido, ou ex-marido, foi chamado que finalmente eu me obriguei a prestar atenção no que ele diria de mim.
—Seu filho era fruto de uma relação extraconjugal correto?
Meu marido olhou pra mim com um sentimento que eu não conseguia identificar.
—Sim. Eu e minha esposa passamos maus momentos com a perda do nosso filho e eu acabei tendo uma noite com a Chloe que sempre foi uma pessoa próxima a nós. —Mesmo com todo aquele tempo ele ainda fazia questão de se justificar, como se o que ele tivesse feito tivesse justificativa.
—Como que se sucedeu a manhã antes do crime? —Eu vi uma lagrima escorrer dos olhos do meu ex-marido aquilo mexeu comigo de uma forma inexplicável, mesmo que ele não merecesse, ele tinha acabado de perde o segundo filho e eu não tinha suportado a morte de um imagina dois. —Eu sei que é uma situação difícil. —A mão da promotora acariciou o braço dele confortando-o, obviamente ela estava dando em cima dele e de forma nada contida.
—Eu tinha uma reunião, mas acabou que a babá do meu filho teve um pequeno acidente e eu precisei deixar meu filho com...ela. —Ele mal conseguiu olhar pra mim. —Ela ainda disse que não queria ficar com ele, mas eu não tinha opção e eu acabei deixando-o mesmo assim. —Ele fungou a culpa era evidente na voz dele. Ótimo tudo que eu precisava era que ele fosse jogar uma pá de cimento sobre meu caixão.
—Ela disse por que não queria ficar com ele? —Ri não acreditando naquela pergunta não era meio obvio que eu não queria ficar com aquela criança porque ele era fruto da traição do meu marido, era a prova viva.
—Não. Ela só não queria.
—Como ela reagiu quando você contou que sua traição tinha gerado frutos? —Fechei os olhos me lembrando bem daquele dia.
{...}
—Lou. —Olhei pra onde meu marido me chamava, fazia quase uma semana que eu não o via. Quase uma semana que ele não vinha ver o nosso filho.
—Oi. —Voltei meus olhos ao vidro vendo meu bebezinho naquele estado tão fraco. Senti os braços dele me abraçando por trás, até eu ter ele assim eu não fazia idéia de como eu sentia falta de ter aquele tipo de apoio dele. Fazia bastante tempo que não tínhamos uma relação marido e mulher, porém diante daquela situação eu não conseguia me importa.
—Como ele está?
—Melhor os médicos vão tentar deixar ele algumas horas sem o aparelho respiratório. —Era impossível conter minha animação com a possibilidade, mesmo que eu soubesse que aquilo não significasse muita coisa. Ele não estava aceitando o novo coração e os médicos estavam considerando fazer uma nova cirurgia o que não era nada comum e nem mesmo recomendado, mas eu era insistente e tinha direito e não hesitaria em fazer tudo que tivesse no meu alcance para curar meu filho.
—A Katherine me contou.
Balancei a cabeça aceitando a informação, mesmo que ultimamente ele estivesse se mantendo distante eu sabia que ele sempre buscava informações com a nossa família.
—Eu vou entrar pra ficar um pouco com ele. —Comentei. —Vem junto? —Chamei, eu sabia que ele estava mantendo distancia por medo de se aproximar e depois ter que lidar com o luto, mas nosso filho não estava morto e precisava de todo apoio e que logo ele sairia daquela.
Ele ficou um tempo em um silencio absoluto antes de aceitar.
[...]
Depois de trocarmos de roupa e estarmos devidamente higienizados entramos na UTI que nosso pequeno príncipe estava. Uma enfermeira nos acompanhava a certa distancia nos dando a maior privacidade que aquele momento permitia.
—Posso? —Pedi me referindo a pegar meu bebê no colo. Ela deixou com um pequeno acena da cabeça.
Abri a incubadora e acariciei levemente a barriguinha do meu filho a enfermeira se aproximou para me ajudar a pegar ele no colo. Com muito cuidado eu trouxe ele pros meus braços, senti o corpinho quente dele contra mim sua respiração mesmo que irregular e fraquinha era a melhor sensação do mundo.
—Você não vai machucá-lo? —Perguntou meu marido, ele permanecia com certa distancia.
—Não, eu sei o que estou fazendo. —Eu entendia a preocupação dele era, aqueles montes de fios, tubos, agulhas não eram muito confortáveis e exigia muito cuidado, mas eu já estava bem acostumada. Há alguns meses atrás a medica responsável simplesmente ofereceu que eu o pegasse um pouco, segundo ela um pouco de calor humano e aquele amor de mãe só podia fazer bem. Eu sabia que a decisão dela tinha sido principalmente por causa de pena, me ver ali todos os dias sem me recusar ir pra casa era uma atitude não compreendida por muitos, mas eu não conseguia deixar meu filho ali sozinho. —Quer pegar um pouco?
Ele me olhou assustado.
—Não eu vou esperar você lá fora. —Ele estava claramente controlando o choro.
—Robert. —Chamei, mas era tarde e ele já tinha saído. Eu vi ele tirando a touca e a mascara através do vidro e naquele momento eu simplesmente resolvi ignorar voltando a atenção pro meu filho, eu queria tanto que ele estivesse consciente, mesmo que ele parecesse tão tranqüilo em um sono profundo.
[...]
Quando eu sai da sala, um pouco mais de uma hora depois, me surpreendi com a presença do Robert ali eu jurava que ele já tinha ido embora.
—Pensei que você já tivesse ido.
—Eu preciso conversar com você. —Eu sabia que devia ser no mínimo uma coisa muito seria, ele evitava vir ao hospital.
—Imaginei.
—Podemos ir à lanchonete. —Qual era a dificuldade de entender que eu não sairia de perto do meu filho.
—Não. —Me sentei ao meu lado dele e olhei para o vidro do berçário. —Só fala o que você veio falar.
—Eu nem sei como te falar isso.
Várias possibilidades passaram pela minha cabeça, mas eu só consegui perguntar a que pra mim seria a mais dolorosa mesmo que a muito não tínhamos aquilo que podia ser nomeado como casamento, nem mesmo nossa vida sexual, que sempre foi tão ativa, tinha permanecido.
—Você quer o divorcio?
Ele me olhou como se o que eu falasse fosse tão ruim pra ele como era pra mim.
—Não, claro que não. Enquanto você me quiser eu vou querer você. —Ele pegou minha mão e apertou, o encontro das nossas alianças era tão incrível. Uma reprodução perfeita de uma foto que tínhamos tirado no nosso casamento. —Eu te amo.
Ele se aproximou e colou os lábios nos meus. Fazia tanto tempo que ele não me beijava. Aprofundei um pouco mais o contato, tão intimo, mergulhando minha língua dentro da boca dele. Ele se afastou quando as coisas começaram a esquentar.
—Eu estava com tanta saudade de ter você assim. Vamos pra casa? —Eu sabia o que ele queria e eu também queria e muito, além do fato de que eu devia isso a ele e eu podia imaginar como estava sendo difícil todo esse tempo sem sexo eu até tinha considerado deixá-lo livre para caso ele quisesse encontrar uma garota para ser feliz (nesse aspecto) com ele, mas fui covarde e recuei. Ele era meu marido e só imaginá-lo com outra não era algo muito confortável.
—Eu sinto muito. —Por mais que eu estivesse com muita vontade dele eu não podia deixar meu filho sozinho naquele lugar.
—Eu peço a Katherine pra passar a noite aqui. —Ele argumentou voltando a colar os lábios nos meus.
—Eu sinto muito Robert, mas hoje não dá eu preciso ficar aqui com ele. —Eu sabia que aquele tipo de coisa só afastava mais ainda o meu marido, mas eu precisava. Era meu filho e eu não podia simplesmente abandonar tudo pra ter uma noite quente com meu marido, mesmo que eu quisesse muito aquilo.
—Eu nem sei por que eu ainda tento. —Ele se levantou e nem vez questão de disfarça sua raiva diante da minha recusa e eu nem podia fazer nada se ele não conseguia ao menos entender o meu lado. Meu filho não estava morto, o coração dele ainda batia e enquanto estivesse batendo ele estava vivo. —E melhor eu ir embora.
—Você veio aqui pra me falar algo. —Lembrei-o. Podia ser impressão, mas eu sentia que ele estava só querendo adiar aquilo como se estivesse obrigado a vim aqui o que eu não duvidava nada já que ele evitava estar ali mais que tudo.
—Sim e eu não faço idéia de como começar. —Ele parecia tão culpado e não era difícil imaginar o que ele queria me contar e possibilidades não me faltavam para especular.
—Do começo.
—Eu não queria te magoar. —Só faltava ele falar pra tornar aquilo real e eu não conseguia acreditar que ele realmente tinha feito aquilo. —Eu só queria uma chance de poder voltar no tempo e não ter bebido tanto...
Rindo de nervoso eu o interrompi não aceitando que ele colocasse a culpa na bebida.
—Mas você não pode então seja homem e vire pra mim e fale o que você veio aqui dizer e por Deus não coloque culpa na bebida. —Eu não aceitaria de forma nenhuma que ele viesse aqui dizer que tinha sido só porque ele estava bêbado, existiam mil possíveis fatores e a bebida era a alternativa mais covarde que ele podia escolher pra justificar. Se ele queria mesmo justificar que fosse sincero dissesse que a culpa era mim que não estava dando a ele o que uma esposa normalmente daria (machista eu sei, mas não anula a verdade daquele fato), vontade, desejo justificativas simples e reais que me deixariam menos puta do que ele apelar pro álcool.
Ele se virou pra mim e o que vi nos olhos dele partiu meu coração, eu tinha sido traída e eu não deveria ter pena dele, mas tudo o que estava acontecendo era por minha culpa eu admitia, mas se eu tivesse como voltar e pode escolher novamente eu tomaria todas as decisões que nos levaram ali eu faria igualzinho mesmo que significasse estarmos novamente naquele ponto porque era meu filho atrás daquele vidro, ela era a razão do meu viver e eu amava ele acima de tudo até mesmo acima do Robert.
—Me perdoa baby. Eu te amo tanto. —Ele tentou vir em minha direção e eu dei alguns passos pra trás, naquele momento eu não queria o toque dele de forma nenhum. —Eu não queria.
Revirei os olhos e eu senti meu corpo tremer.
—Mas fez. —Me sentei não tendo certeza se eu aquentaria aquilo tudo de pé, eu jamais imaginei que ele pudesse fazer aquilo, sempre pensei que quando aquela situação estivesse no limite ele ao menos terminaria comigo antes de...
—Eu sinto muito.
—Por que você precisava me contar isso? —Perguntei, e sim eu preferia ser feita de idiota a ele me contasse aquilo, do que ele esfregasse na minha cara tudo o que eu já sabia. O olhar dele me mostrou o quanto eu estava por fora daquilo. —Não é só isso né? —Ele caminhou até mim e parou na minha frente e puxou meu rosto pra ele.
—Eu te amo tanto. —Eu sentia vontade de morde a mão dele. Depois de tudo aquilo eu não entendia como ele podia continuar afirmando que me amava.
—Se você me amasse não teria me traído. Ande fale o que mais aconteceu? —Pedi não aquentando mais aquele suspense. —Você vai ficar com ela? Quem mais sabe disso? —Tudo o que eu não precisaria era que todo mundo ficasse sabendo e sentisse mais pena de mim do que a situação do meu filho já causava. —Sabem né, nem ao menos você teve capacidade de fazer essa droga escondido? —Eu nem esperei ele dizer nada antes de tirar conclusões.
—Eu já disse enquanto você me quiser e se puder me perdoar eu quero ser seu marido. Eu só contei pra nossa família. Eu queria uma ajuda de como te contar isso, se fosse por mim eu ia esperar até que nosso filho saísse daqui pra que a gente pudesse conversa melhor sem esse problema rondando nossa cabeça.
—E você se importa? —Só depois que eu disse que percebi o que tinha falado e o quanto aquilo podia magoar ele e mesmo com toda aquela situação eu não queria isso. Mas eu não podia deixar de pensar aquilo, não quando ele nem ao menos fazia questão de estar ali por perto.
—Não seja injusta. —Eu pela primeira vez em muito tempo eu vi um lagrima cair dos olhos dele. —Eu não estou aqui o tempo todo obcecado como você, mas eu não perco nada.
Eu sabia que naquele momento que se continuássemos daquela forma iríamos acabar nos machucando ainda mais.
—Só fala o que você veio fazer aqui. —Pedi novamente, implorei na verdade.
—Ela ficou grávida.
Grávida... Aquela palavra ficou repetindo o tempo todo na minha cabeça.
—Quem ficou grávida? —Eu não era estúpida, mas eu precisava ouvir pra acreditar.
—Eu sinto muito. —Eu não entendia o que estava acontecendo e muito menos conseguia entender o que eu sentia naquele momento, aquela confusão de sentimentos dentro de mim.
—Não sinta você sempre quis ser pai, talvez ela consiga realizar seu sonho e te fazer feliz já que eu não consegui.
(...)
Depois de dizer aquela frase me fingindo de forte eu tinha deixado ele sozinho no corredor e me refugiado no banheiro, chorando e tentando não me odiar e nem odiar ele pelo que tinha acontecido e naquele momento aquele era meu pior arrependimento, eu devia ter odiado-o e não perdoado aquela traição. Mas com tudo aquilo que aconteceu eu nem ao menos me importei eu só o queria do meu lado independente de todo o resto e agora ali estava ele depondo contra mim.
—Você imaginava que ela era capaz disso? —Eu parei e voltei minha total atenção querendo saber a resposta dele.
—Não eu nem acredito ainda que tudo isso está acontecendo. —Pela primeira vez durante aquele tempo ele olhou pra mim e naquele momento eu queria não conhecê-lo suficiente pra saber o que aquele olhar queria dizer. Ele estava perdido, talvez aquela certeza que ele sentia quando fez tudo aquilo na cadeia não fosse exatamente certeza naquele exato momento pelo menos era isso que os olhos dele demonstravam enquanto me encarava.
Sem que eu tivesse controle as lagrimas transbordaram dos meus olhos, senti uma mão nas minhas costas me consolando eu não conseguia desviar os olhos pra ver quem que tentava discretamente me consolar eu estava hipnotizada por aqueles olhos verdes que alguns poucos dias atrás era tudo pra mim.
[...]
Não me pergunte o que mais foi falado porque eu simplesmente não consegui prestar atenção em nada que não fosse ele, os olhos dele e toda dor que eu via transparecer ali. Eu estava sendo cruel comigo mesma, porém eu não conseguia deixar de desejar está ao lado dele para abraçá-lo ninguém melhor do que eu sabia a dor que ele estava sentindo. Ele voltou pra família dele e se entregou aos braços da mãe dele, aquela mulher (amante dele) ficou alisando o braço dele dizendo alguma coisa que pela distancia eu não conseguia ouvir, mas só aquele ato me fez ter um ciúmes. Meu casamento podia não está na sua melhor fase, mas ele ainda era meu marido e como se não bastasse toda aquela situação ela ainda precisava se aproveitar do momento pra ficar se jogando em cima dele.
—...Querida o depoimento dele foi bem melhor do que imaginávamos. —Falou meu pai, eu não tinha entendido o começo da frase por está concentrada de mais na cena que acontecia ao lado.
—Isso é bom né? —Fui irônica. Se meu pai estava surpreso com aquilo só podia significar que as coisas estavam bem piores do que eu imaginava.
—Lousie.
—Preste atenção no julgamento pai. —Voltei meus olhos pra a próxima a depor não entendendo a necessidade daquilo pelo que eu sabia ela nem estava na cidade quando o suposto crime aconteceu sobre o que ela podia testemunhar?
É isso, espero que gostem e me deixem saber o que acharam do capitulo.
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Obrigada pela leitura!!!
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—Sim.
—Vai ficar tudo bem eu já pesquisei as possíveis clinicas e seu pai vai conseguir que você fique na melhor, você vai ser muito bem tratada e cuidada. —Sabia que pra minha mãe estava sendo muito difícil lidar com aquela história e só por ela que eu não tinha implorado ao meu pai que deixasse a tal justiça ser feita e me livrado de uma vez por todas daquela situação não seria fácil convencê-lo, contudo eu sabia como conseguir qualquer coisa do meu pai. Sorri pra ela tentando demonstra algum tipo de felicidade, ela já tinha tido um pequeno surto com o resultado dos laudos dos médicos que diziam em um jeito mais direto o que eu já sabia, eu estava em depressão, com tendências suicidas e no começo de uma psicose causada pelos remédios que eu viciada me recusava a largar e eu não precisava que ela surtasse novamente.
—Eu sei. —Sabia mesmo o grande problema era que eu não me importava.
[...]
O julgamento nem tinha começado e já tinha sido uma tortura até ali. Eu podia fazer uma lista de coisas que em algum momento teria me importado, mas ali pouco me fazia diferença.
Meu marido estava próximo demais da mãe do falecido filho dele, ele não, ela que estava sentada quase no colo dele de tão próximos que estavam e eu não culpava ela se ele estivesse se sentindo incomodado ele que se afastasse. Sentei no lugar que estava destinado a mim e mantive minha cabeça baixa eu só queria que aquilo passasse logo e que eu pudesse ficar quieta no meu canto, mesmo que fosse dentro de uma cela. Depois de alguns minutos eu não consegui evitar e meus olhos foram para aqueles que eu julguei ser minha família, que eu imaginei que eram pessoas que me amavam e que me conheciam e eles tinham simplesmente me virado as costas no momento em que eu mais precisei deles. Minha sogra, Esme, mal conseguiu me encarar era tão ruim que nem ao menos parecia que eles tinham uma única duvida diante daquilo eu voltei meus olhos pra frente.
O julgamento começou e eu não estava fazendo nenhum esforço para prestar atenção no que era dito sobre mim e sobre o crime que supostamente eu tinha cometido. Só na hora em que meu marido, ou ex-marido, foi chamado que finalmente eu me obriguei a prestar atenção no que ele diria de mim.
—Seu filho era fruto de uma relação extraconjugal correto?
Meu marido olhou pra mim com um sentimento que eu não conseguia identificar.
—Sim. Eu e minha esposa passamos maus momentos com a perda do nosso filho e eu acabei tendo uma noite com a Chloe que sempre foi uma pessoa próxima a nós. —Mesmo com todo aquele tempo ele ainda fazia questão de se justificar, como se o que ele tivesse feito tivesse justificativa.
—Como que se sucedeu a manhã antes do crime? —Eu vi uma lagrima escorrer dos olhos do meu ex-marido aquilo mexeu comigo de uma forma inexplicável, mesmo que ele não merecesse, ele tinha acabado de perde o segundo filho e eu não tinha suportado a morte de um imagina dois. —Eu sei que é uma situação difícil. —A mão da promotora acariciou o braço dele confortando-o, obviamente ela estava dando em cima dele e de forma nada contida.
—Eu tinha uma reunião, mas acabou que a babá do meu filho teve um pequeno acidente e eu precisei deixar meu filho com...ela. —Ele mal conseguiu olhar pra mim. —Ela ainda disse que não queria ficar com ele, mas eu não tinha opção e eu acabei deixando-o mesmo assim. —Ele fungou a culpa era evidente na voz dele. Ótimo tudo que eu precisava era que ele fosse jogar uma pá de cimento sobre meu caixão.
—Ela disse por que não queria ficar com ele? —Ri não acreditando naquela pergunta não era meio obvio que eu não queria ficar com aquela criança porque ele era fruto da traição do meu marido, era a prova viva.
—Não. Ela só não queria.
—Como ela reagiu quando você contou que sua traição tinha gerado frutos? —Fechei os olhos me lembrando bem daquele dia.
{...}
—Lou. —Olhei pra onde meu marido me chamava, fazia quase uma semana que eu não o via. Quase uma semana que ele não vinha ver o nosso filho.
—Oi. —Voltei meus olhos ao vidro vendo meu bebezinho naquele estado tão fraco. Senti os braços dele me abraçando por trás, até eu ter ele assim eu não fazia idéia de como eu sentia falta de ter aquele tipo de apoio dele. Fazia bastante tempo que não tínhamos uma relação marido e mulher, porém diante daquela situação eu não conseguia me importa.
—Como ele está?
—Melhor os médicos vão tentar deixar ele algumas horas sem o aparelho respiratório. —Era impossível conter minha animação com a possibilidade, mesmo que eu soubesse que aquilo não significasse muita coisa. Ele não estava aceitando o novo coração e os médicos estavam considerando fazer uma nova cirurgia o que não era nada comum e nem mesmo recomendado, mas eu era insistente e tinha direito e não hesitaria em fazer tudo que tivesse no meu alcance para curar meu filho.
—A Katherine me contou.
Balancei a cabeça aceitando a informação, mesmo que ultimamente ele estivesse se mantendo distante eu sabia que ele sempre buscava informações com a nossa família.
—Eu vou entrar pra ficar um pouco com ele. —Comentei. —Vem junto? —Chamei, eu sabia que ele estava mantendo distancia por medo de se aproximar e depois ter que lidar com o luto, mas nosso filho não estava morto e precisava de todo apoio e que logo ele sairia daquela.
Ele ficou um tempo em um silencio absoluto antes de aceitar.
[...]
Depois de trocarmos de roupa e estarmos devidamente higienizados entramos na UTI que nosso pequeno príncipe estava. Uma enfermeira nos acompanhava a certa distancia nos dando a maior privacidade que aquele momento permitia.
—Posso? —Pedi me referindo a pegar meu bebê no colo. Ela deixou com um pequeno acena da cabeça.
Abri a incubadora e acariciei levemente a barriguinha do meu filho a enfermeira se aproximou para me ajudar a pegar ele no colo. Com muito cuidado eu trouxe ele pros meus braços, senti o corpinho quente dele contra mim sua respiração mesmo que irregular e fraquinha era a melhor sensação do mundo.
—Você não vai machucá-lo? —Perguntou meu marido, ele permanecia com certa distancia.
—Não, eu sei o que estou fazendo. —Eu entendia a preocupação dele era, aqueles montes de fios, tubos, agulhas não eram muito confortáveis e exigia muito cuidado, mas eu já estava bem acostumada. Há alguns meses atrás a medica responsável simplesmente ofereceu que eu o pegasse um pouco, segundo ela um pouco de calor humano e aquele amor de mãe só podia fazer bem. Eu sabia que a decisão dela tinha sido principalmente por causa de pena, me ver ali todos os dias sem me recusar ir pra casa era uma atitude não compreendida por muitos, mas eu não conseguia deixar meu filho ali sozinho. —Quer pegar um pouco?
Ele me olhou assustado.
—Não eu vou esperar você lá fora. —Ele estava claramente controlando o choro.
—Robert. —Chamei, mas era tarde e ele já tinha saído. Eu vi ele tirando a touca e a mascara através do vidro e naquele momento eu simplesmente resolvi ignorar voltando a atenção pro meu filho, eu queria tanto que ele estivesse consciente, mesmo que ele parecesse tão tranqüilo em um sono profundo.
[...]
Quando eu sai da sala, um pouco mais de uma hora depois, me surpreendi com a presença do Robert ali eu jurava que ele já tinha ido embora.
—Pensei que você já tivesse ido.
—Eu preciso conversar com você. —Eu sabia que devia ser no mínimo uma coisa muito seria, ele evitava vir ao hospital.
—Imaginei.
—Podemos ir à lanchonete. —Qual era a dificuldade de entender que eu não sairia de perto do meu filho.
—Não. —Me sentei ao meu lado dele e olhei para o vidro do berçário. —Só fala o que você veio falar.
—Eu nem sei como te falar isso.
Várias possibilidades passaram pela minha cabeça, mas eu só consegui perguntar a que pra mim seria a mais dolorosa mesmo que a muito não tínhamos aquilo que podia ser nomeado como casamento, nem mesmo nossa vida sexual, que sempre foi tão ativa, tinha permanecido.
—Você quer o divorcio?
Ele me olhou como se o que eu falasse fosse tão ruim pra ele como era pra mim.
—Não, claro que não. Enquanto você me quiser eu vou querer você. —Ele pegou minha mão e apertou, o encontro das nossas alianças era tão incrível. Uma reprodução perfeita de uma foto que tínhamos tirado no nosso casamento. —Eu te amo.
Ele se aproximou e colou os lábios nos meus. Fazia tanto tempo que ele não me beijava. Aprofundei um pouco mais o contato, tão intimo, mergulhando minha língua dentro da boca dele. Ele se afastou quando as coisas começaram a esquentar.
—Eu estava com tanta saudade de ter você assim. Vamos pra casa? —Eu sabia o que ele queria e eu também queria e muito, além do fato de que eu devia isso a ele e eu podia imaginar como estava sendo difícil todo esse tempo sem sexo eu até tinha considerado deixá-lo livre para caso ele quisesse encontrar uma garota para ser feliz (nesse aspecto) com ele, mas fui covarde e recuei. Ele era meu marido e só imaginá-lo com outra não era algo muito confortável.
—Eu sinto muito. —Por mais que eu estivesse com muita vontade dele eu não podia deixar meu filho sozinho naquele lugar.
—Eu peço a Katherine pra passar a noite aqui. —Ele argumentou voltando a colar os lábios nos meus.
—Eu sinto muito Robert, mas hoje não dá eu preciso ficar aqui com ele. —Eu sabia que aquele tipo de coisa só afastava mais ainda o meu marido, mas eu precisava. Era meu filho e eu não podia simplesmente abandonar tudo pra ter uma noite quente com meu marido, mesmo que eu quisesse muito aquilo.
—Eu nem sei por que eu ainda tento. —Ele se levantou e nem vez questão de disfarça sua raiva diante da minha recusa e eu nem podia fazer nada se ele não conseguia ao menos entender o meu lado. Meu filho não estava morto, o coração dele ainda batia e enquanto estivesse batendo ele estava vivo. —E melhor eu ir embora.
—Você veio aqui pra me falar algo. —Lembrei-o. Podia ser impressão, mas eu sentia que ele estava só querendo adiar aquilo como se estivesse obrigado a vim aqui o que eu não duvidava nada já que ele evitava estar ali mais que tudo.
—Sim e eu não faço idéia de como começar. —Ele parecia tão culpado e não era difícil imaginar o que ele queria me contar e possibilidades não me faltavam para especular.
—Do começo.
—Eu não queria te magoar. —Só faltava ele falar pra tornar aquilo real e eu não conseguia acreditar que ele realmente tinha feito aquilo. —Eu só queria uma chance de poder voltar no tempo e não ter bebido tanto...
Rindo de nervoso eu o interrompi não aceitando que ele colocasse a culpa na bebida.
—Mas você não pode então seja homem e vire pra mim e fale o que você veio aqui dizer e por Deus não coloque culpa na bebida. —Eu não aceitaria de forma nenhuma que ele viesse aqui dizer que tinha sido só porque ele estava bêbado, existiam mil possíveis fatores e a bebida era a alternativa mais covarde que ele podia escolher pra justificar. Se ele queria mesmo justificar que fosse sincero dissesse que a culpa era mim que não estava dando a ele o que uma esposa normalmente daria (machista eu sei, mas não anula a verdade daquele fato), vontade, desejo justificativas simples e reais que me deixariam menos puta do que ele apelar pro álcool.
Ele se virou pra mim e o que vi nos olhos dele partiu meu coração, eu tinha sido traída e eu não deveria ter pena dele, mas tudo o que estava acontecendo era por minha culpa eu admitia, mas se eu tivesse como voltar e pode escolher novamente eu tomaria todas as decisões que nos levaram ali eu faria igualzinho mesmo que significasse estarmos novamente naquele ponto porque era meu filho atrás daquele vidro, ela era a razão do meu viver e eu amava ele acima de tudo até mesmo acima do Robert.
—Me perdoa baby. Eu te amo tanto. —Ele tentou vir em minha direção e eu dei alguns passos pra trás, naquele momento eu não queria o toque dele de forma nenhum. —Eu não queria.
Revirei os olhos e eu senti meu corpo tremer.
—Mas fez. —Me sentei não tendo certeza se eu aquentaria aquilo tudo de pé, eu jamais imaginei que ele pudesse fazer aquilo, sempre pensei que quando aquela situação estivesse no limite ele ao menos terminaria comigo antes de...
—Eu sinto muito.
—Por que você precisava me contar isso? —Perguntei, e sim eu preferia ser feita de idiota a ele me contasse aquilo, do que ele esfregasse na minha cara tudo o que eu já sabia. O olhar dele me mostrou o quanto eu estava por fora daquilo. —Não é só isso né? —Ele caminhou até mim e parou na minha frente e puxou meu rosto pra ele.
—Eu te amo tanto. —Eu sentia vontade de morde a mão dele. Depois de tudo aquilo eu não entendia como ele podia continuar afirmando que me amava.
—Se você me amasse não teria me traído. Ande fale o que mais aconteceu? —Pedi não aquentando mais aquele suspense. —Você vai ficar com ela? Quem mais sabe disso? —Tudo o que eu não precisaria era que todo mundo ficasse sabendo e sentisse mais pena de mim do que a situação do meu filho já causava. —Sabem né, nem ao menos você teve capacidade de fazer essa droga escondido? —Eu nem esperei ele dizer nada antes de tirar conclusões.
—Eu já disse enquanto você me quiser e se puder me perdoar eu quero ser seu marido. Eu só contei pra nossa família. Eu queria uma ajuda de como te contar isso, se fosse por mim eu ia esperar até que nosso filho saísse daqui pra que a gente pudesse conversa melhor sem esse problema rondando nossa cabeça.
—E você se importa? —Só depois que eu disse que percebi o que tinha falado e o quanto aquilo podia magoar ele e mesmo com toda aquela situação eu não queria isso. Mas eu não podia deixar de pensar aquilo, não quando ele nem ao menos fazia questão de estar ali por perto.
—Não seja injusta. —Eu pela primeira vez em muito tempo eu vi um lagrima cair dos olhos dele. —Eu não estou aqui o tempo todo obcecado como você, mas eu não perco nada.
Eu sabia que naquele momento que se continuássemos daquela forma iríamos acabar nos machucando ainda mais.
—Só fala o que você veio fazer aqui. —Pedi novamente, implorei na verdade.
—Ela ficou grávida.
Grávida... Aquela palavra ficou repetindo o tempo todo na minha cabeça.
—Quem ficou grávida? —Eu não era estúpida, mas eu precisava ouvir pra acreditar.
—Eu sinto muito. —Eu não entendia o que estava acontecendo e muito menos conseguia entender o que eu sentia naquele momento, aquela confusão de sentimentos dentro de mim.
—Não sinta você sempre quis ser pai, talvez ela consiga realizar seu sonho e te fazer feliz já que eu não consegui.
(...)
Depois de dizer aquela frase me fingindo de forte eu tinha deixado ele sozinho no corredor e me refugiado no banheiro, chorando e tentando não me odiar e nem odiar ele pelo que tinha acontecido e naquele momento aquele era meu pior arrependimento, eu devia ter odiado-o e não perdoado aquela traição. Mas com tudo aquilo que aconteceu eu nem ao menos me importei eu só o queria do meu lado independente de todo o resto e agora ali estava ele depondo contra mim.
—Você imaginava que ela era capaz disso? —Eu parei e voltei minha total atenção querendo saber a resposta dele.
—Não eu nem acredito ainda que tudo isso está acontecendo. —Pela primeira vez durante aquele tempo ele olhou pra mim e naquele momento eu queria não conhecê-lo suficiente pra saber o que aquele olhar queria dizer. Ele estava perdido, talvez aquela certeza que ele sentia quando fez tudo aquilo na cadeia não fosse exatamente certeza naquele exato momento pelo menos era isso que os olhos dele demonstravam enquanto me encarava.
Sem que eu tivesse controle as lagrimas transbordaram dos meus olhos, senti uma mão nas minhas costas me consolando eu não conseguia desviar os olhos pra ver quem que tentava discretamente me consolar eu estava hipnotizada por aqueles olhos verdes que alguns poucos dias atrás era tudo pra mim.
[...]
Não me pergunte o que mais foi falado porque eu simplesmente não consegui prestar atenção em nada que não fosse ele, os olhos dele e toda dor que eu via transparecer ali. Eu estava sendo cruel comigo mesma, porém eu não conseguia deixar de desejar está ao lado dele para abraçá-lo ninguém melhor do que eu sabia a dor que ele estava sentindo. Ele voltou pra família dele e se entregou aos braços da mãe dele, aquela mulher (amante dele) ficou alisando o braço dele dizendo alguma coisa que pela distancia eu não conseguia ouvir, mas só aquele ato me fez ter um ciúmes. Meu casamento podia não está na sua melhor fase, mas ele ainda era meu marido e como se não bastasse toda aquela situação ela ainda precisava se aproveitar do momento pra ficar se jogando em cima dele.
—...Querida o depoimento dele foi bem melhor do que imaginávamos. —Falou meu pai, eu não tinha entendido o começo da frase por está concentrada de mais na cena que acontecia ao lado.
—Isso é bom né? —Fui irônica. Se meu pai estava surpreso com aquilo só podia significar que as coisas estavam bem piores do que eu imaginava.
—Lousie.
—Preste atenção no julgamento pai. —Voltei meus olhos pra a próxima a depor não entendendo a necessidade daquilo pelo que eu sabia ela nem estava na cidade quando o suposto crime aconteceu sobre o que ela podia testemunhar?
Notas Finais/Avisos
É isso, espero que gostem e me deixem saber o que acharam do capitulo.
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Obrigada pela leitura!!!
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13/09
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