5/30/2019

Resenha: Quando tudo ruir escrito por Lola Salgado

Livro:  Quando tudo ruir
Autor(a): Lola Salgado
Editora: : Independente
Páginas: 565
Classificação:

Sinopse: 

Alana vê seu destino promissor como modelo ruir quando sofre um acidente e tem uma perna amputada. Depois de passar um ano afastada do colégio, focada na recuperação e adaptação com a prótese, ela precisa concluir o ensino médio e encarar a escola onde estudou a vida toda, enquanto tenta descobrir um novo sonho. Lá, acaba conhecendo Martin, o novo aluno misterioso e rebelde que não leva nada a sério. Ele também passou o último ano em casa, após ter visto a vida ruir mais uma vez. Obrigado a lidar com as agressões do padrasto e a negligência da mãe, ele tenta, a todo custo, encontrar um motivo para continuar vivo, mesmo quando parece cada vez mais difícil. Aos poucos, os dois se aproximam e se ajudam mutuamente a enfrentar os problemas que estão passando. E descobrem que, mesmo quando tudo sai do controle, sempre há a possibilidade de traçar novos caminhos para a felicidade.

.Essa é a pior história que eu já li. Mas calma continue aqui porque eu não terminei de falar, a história narrada nesse livro é tão profunda e triste que não tem como você não odiar ela, odiar saber que mesmo tão pesada ela é tão real e acontece em tantas famílias e essa certeza de veracidade que machuca de forma profunda. A identificação é o que torna a história tão forte, é impossível para alguém como eu não me identificar com o Martin e me ver exatamente como ele está (sentimentalmente falando). O tal buraco no peito que ele tanto menciona eu sei o quanto dói, mesmo não doendo e o quanto é difícil explicar esse sentimento, pra si mesmo (pra que você entenda e aprenda a lidar com ele, a pedir socorro, a deixar de sentir medo), pros outros não acharem que é frescura, falta de Deus e entenderem que o que você mais precisa é de ajuda. Então eu só...

“Pensei que estivesse no fundo do poço, mas descobri que sempre dava para cavar um pouco mais. Cair em queda livre. Para um lugar onde só havia escuridão. E dor. E medo. E culpa.”

Quando tudo ruir inicialmente nos apresenta a história de Alana que é uma jovem modelo e que está a alguns dias de dar o primeiro passo para consolidar sua carreira, uma viagem ao Japão que é tão aguardada, quando acontece um acidente e ela acorda no hospital sem uma das pernas. Foi por essa história da menina que perdia a perna e junto o sonho de uma vida que eu iniciei a leitura desse livro. Eu pouco estava me fudendo para o mocinho sabe eu esperava que ele fosse um fofo que a ajudaria a passar por isso ou um merda que iria querer me fazer matar ele, mas em momento algum eu esperei pelo Martin (isso que dá não ler a sinopse da história) e quando ele aparece tudo se torna dele. Alana vai ter uma história incrível de como ela tem que se reaceitar e superar, mas o Martin rouba toda a cena e com uma história como a dele é impossível não ser assim.

“Ninguém mandava uma pessoa com câncer ficar bem. Por que faziam isso com quem tinha depressão? Por que ninguém levava a sério?”

Os personagens são tão bem desenvolvidos e trabalhados que eu não tenho nada a dizer a não ser o quão perfeito eles são. O que torna o livro tão pesado o que pra mim é ótimo (ninguém nem sabe que eu adoro um drama né?). Eu passei por uma experiência com esse livro que eu não tinha desde a leitura de proibido, que é a de me conectar com a história a ponto de ficar extremamente sensível é de chegar ao nível de senti às dores dos personagens (sentir mesmo. De passar a noite em uma fossa terrível, com crise de ansiedade e choro inexplicável – eu gosto dessa imersão que alguns, poucos, autores consegue nos impor. Sentir uma outra dor é fundamental para algumas pessoas).

"Ninguém acorda e decide se matar porque tá entediado, ou porque quer chamar atenção. Suicídio é um pedido de socorro. A gente tá sentindo tanta dor que só quer que aquilo acabe, independentemente de como."

O que esse menino, sim menino – ele tem apenas 18 anos e teve sua infância arrancada de si sem a menor chance de defesa, passa é demais e ninguém merecia passar. São traumas que machucam a alma e tira completamente a vontade de viver.

Sobre a mãe dele eu nem vou falar nada para as pessoas não acharem que eu sou violenta e coisa do tipo, mas eu nunca senti tanto nojo de alguém como eu senti dela e o pior é que “mães” como ela tem em monte espalhadas por aí e isso me desintegra e me deixa em surto de raiva, sei que na maior parte dos casos essas mulheres também estão sofrendo e tem seus problemas mentais, porém só não sou evoluída o suficiente para sentir algo além de coisas negativas por alguém que faz o que ela faz. Só não dá.

Uma leitura como a de “quando tudo ruir” é um presente e uma gotinha a mais de esperanças, como uma boia para quem está se afogando. As lições que esse livro trás e as possibilidades por de trás do conselho de apenas não desistir é como uma brisa de ar fresco. Passou, nos momentos em que mais precisar essa história não vai ser o suficiente (óbvio que não, na maior parte das vezes nada é), porém deixou uma sementinha poderosa de esperança.

“Era engraçado o poder que algumas pessoas tinham e tranquilizar a gente...”

Acho que depois desse texto eu nem preciso dizer o quanto acho que essa leitura vale né, eu mal terminei de ler e já adicionei na lista de releituras que eu quero fazer ainda esse ano, com as emoções mais contidas e já sabendo o desenrolar da história espero sentir menos e me entregar ainda mais.

“...a mente, às vezes, podia ser o pior lugar para se estar. Era traiçoeira e sabotava de maneira impiedosa...”

Deixo aqui uma única dica que é para que a autora tenha um pouco mais de cuidado com a revisão, eu não sou a professora de português e cometo muitos (muitos mesmo) erros. Porém ultimamente estou ficando mais chata com isso (quem acompanha meus textos deve ter percebido) então durante a história tem alguns errinhos de digitação que a revisão devia ter visto, porque são bem na cara então me incomodam bem mais do que um erro mais técnico. Mas nem isso é o suficiente para tirar o brilho da história.

Eu não ia publicar essa resenha porque eu me senti tão exposta em cada linha aqui, mas eu precisava deixar meu amor registrado e recomendar essa história. Então só foda-se eu. Só vão ler essa história que ela vale muito a pena.

“Minha vida importa. Minha vida importa pra caralho!”

30/05

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