Isabella Swan
O dia amanheceu. O sol poderoso me despertou. O relógio despertador que estava posicionado em cima do criado mudo indicava que já eram seis horas da manhã e eu sabia que nosso tempo tinha chegado ao final. Queria que tivéssemos mais algum tempo, queria poder prolongar aquela sensação por mais alguns minutos, mas era inevitável e uma hora ou outra tudo acabaria então não tinha porque fica tentando prolongar aquilo. Um estranho aperto no meu coração não me deixaria apenas fingir. Me levantei da cama fazendo o máximo esforço para não acordá-lo, deixaria ele desfrutar mais um pouco daquela calmaria.
Peguei um roupão meu em uma das gavetas do móvel do quarto e vesti.
Nossa noite tinha sido intensa, intensa demais. Meu corpo inteiro estava dolorido depois de toda a ação, tínhamos nos amado com tanta intensidade que eu fechava os olhos e conseguia me lembrar com detalhes do toque dele sobre minha pele, das sensações que o corpo dele provocava no meu, de como eu involuntariamente respondia ao menor das sensações. Entrei no banheiro do nosso quarto, a suíte era incrivelmente grande, a enorme banheira (muito pouco aproveitada) ocupava o canto esquerdo quase de modo completo, eu tinha escolhido a forma redonda, mesmo que a arquiteta insistisse que combinaria mais com o quarto o modelo mais oval, eu queria redonda e ficou redonda e eu nem me importava se tivesse distorcido o projeto ou qualquer merda que ela tinha falado para tentar me convencer na época. Mesmo que a banheira fosse tentadora eu optei pela ducha, não tinha tempo e sabia que daqui a pouco meus pais estariam ali para me arrastar para tal clinica.
Assim que eu tirei o roupão minha imagem nua chamou atenção deixei meus olhos varrerem meu corpo através do espelho. Aquela imagem me assustou demais, meu corpo estava tão magro, em alguns pontos chupado de uma forma absurda. Minhas bochechas que sempre foram cheias e coradas agora tinha quase um buraco. Desviei meus olhos não querendo que aquela situação me tirasse aquela paz momentânea que eu sentia.
Liguei a água e mexi nos misturadores esquentando-a o máximo possível. Entrei em baixo da água fervendo e fechei os olhos deixando minha pele se acostumar com a temperatura. Senti braços me apertando, mas não me assustei. Meu corpo assim que ele me tocou reconheceu, eu nem precisava abrir os olhos para saber que era ele.
—Essa água está muito quente. —Reclamou.
—Meu banho. —Lembrei-o. Ele esfregou a barba no meu pescoço.
—Vamos fugir, me dê alguns minutos e eu compro nossa passagem para um lugar bem quente, vamos viajar o mundo só nos dois sem nenhum tipo de preocupação. —Como eu queria que fosse fácil assim, que apenas entrar em um avião e sair por ai conhecendo o mundo fosse mudar algo, eu tinha estado bem ontem e estava bem agora e eu não sabia quando eu ficaria bem só que eu voltaria a ficar mal e quando isso acontecesse séria bem difícil apenas deixar pra lá e se eu concordasse com aquilo e tivesse um surto dentro do avião? Como faríamos? Eu ia mesmo me expor ainda mais do que já tinha sido exposta? A resposta é bem clara para mim.
—Como eu queria que fosse fácil assim.
Ele descansou a cabeça no meu ombro e eu me senti tentada a querer dizer sim a ele apenas para ver o sorriso que ele abriria para mim, sabia como a menor das minhas reações ele reagiria de forma tão espontânea e verdadeira, o menor das minhas melhoras levava ele ao céu.
—Me desculpa. —Ele me girou nos braços dele com tanta velocidade que eu cheguei a me sentir tonta e tive que me apoiar nos ombros dele.
—Não se desculpe. —Ele acariciou meu rosto de forma delicada. —Eu sei o quanto é difícil e o quanto você está sendo corajosa e não é justo eu ficar mexendo mais ainda com a sua cabeça. —Ele depositou um suave beijo nos meus lábios.
—Obrigada. Promete que nunca vá se afastar de mim e não vai me esquecer naquele lugar. —Pedi. No fundo eu sabia que não precisava de promessa nenhuma, eu confiava nele. Sabia que ele verdadeiramente abandonaria tudo e seguiria comigo pelo mundo. Que ele me seguiria onde quer que eu fosse até mesmo uma clinica como aquela.
—Eu gostaria que você não precisasse de uma promessa. —E ali com a água molhando nosso corpo eu senti meu coração doer de uma forma tão profunda que eu quis deslizar com a água e escorrer pelo ralo. Eu tinha magoado ele de verdade, os olhos dele tentavam disfarça, mas eu conseguia ver. Sabia que com pedir para ele prometer eu tinha machucado ele de verdade e eu não sabia lidar com aquele tipo de sentimento. Minha respiração aumentou e eu percebia os sintomas da crise de ansiedade tomando o controle. —Eu prometo Isabella. —Ele segurou meu rosto e fez eu encara-lo nos olhos. —Respire e inspire. —Pediu com calma identificando claramente os sinais. —Eu prometo quantas vezes for preciso. Se você duvidar por um segundo dos meus sentimentos eu vou te lembrar o tempo todo como eu te amo.
Eu queria dizer a ele que eu não duvidava – não mais. Tinha duvidado muito quando ele me traiu, não conseguia fazer a ligação, não conseguia compreender como alguém jurava amor e ao mesmo tempo dormia com outra pessoa, principalmente naquele momento em que eu mais precisava dele. Mas tudo que ele tinha feito por mim, por nos durante todo esse tempo me fazia crer no sentimento dele, se ele não me amasse como afirmava ele não teria cuidado de mim durante todo esse tempo, com todo esse cuidado e com todo esse carinho. Ele não teria abdicado da sua vida tantas e tantas vezes para permanecer ali do meu lado, mesmo quando uma opção fácil era oferecida a ele ainda sim continuava do meu lado. Tinha muita coisa que íamos precisar conversa quando eu tivesse cabeça para isso. E por um minuto a reação dele quando o Thomas morreu veio a minha cabeça, eu vinha tentando deixar isso pra lá, mas ele não tinha acreditado em mim quando eu mais precisava que ele acreditasse, ele tinha me deixado enfrentar tudo aquilo sozinha de uma forma que eu nunca achei que ele fosse capaz de fazer, se eu puxasse na memória as mãos dele no meu pescoço, as marcas que duraram semanas tudo voltava com uma facilidade. Não queria voltar aquele assunto não estava pronta para falar sobre aquilo. Para o que eu teria que enfrentar eu precisava dele. Então me inclinei e beijei-o.
[...]
—Filha. —Eu recebi o olhar surpreso da minha mãe com um sorriso. Só podia concordar que aquela cena seria muito estranha, eu e o Edward tomando café como se os últimos três anos não tivessem existido. Ele até consegui arrancar algumas risadinhas minhas com algumas piadinhas bobas que ele fazia. Mas o que podia ser feito, vim aqui ontem para ter uma lembrança boa dele que eu levaria por todo o tempo que eu tivesse naquele lugar então eu podia aproveitar um pouquinho mais daquilo. —Está tudo bem? —Ela perguntou, todo o seu ser emanava preocupação. Sabia que meu pai tinha tido muito trabalho para convencer ela a não vir me buscar de madrugada mesmo.
—Sim. Eu já terminei. —Garanti, sendo sincera eu mal tinha tocado no café que o Edward preparou, ele colocou uma enorme quantidade variedades, mas comer ainda era muito mais desafiador do que eu me sentia pronta para enfrentar. Então umas garfadas nos ovos foi meu máximo e o suficiente para ele ganhar o dia. Deixei o guardanapo em cima da mesa e me levantei, não queria prolongar muito a minha despedida e nem aquele momento. Se era pra ir que fossemos logo.
Minha roupa estava engraçada, nada do meu antigo guarda-roupa servia – um closet imenso para nada caber em mim. Tudo tinha ficado terrivelmente grande, então acabei colocando um short jeans e um cinto para manter ele na minha cintura e uma blusa de mangas, mas ambas as peças estavam bem largas.
—Eu trouxe uma mala pra você. —Ela apontou para a pequena mala que meu pai tinha em mãos. Assim que me viu meu pai abriu um sorriso tão grande que eu quase corri e me joguei nos braços dele. Sem que eu conseguisse me conter algumas traiçoeiras lágrimas deslizaram pelos meus olhos, eu nem sabia o porque eu estava chorando. Mas eram lágrimas diferentes das outras vezes, eu me sentia “tranquila” como a muito tempo.
—Você nos deu um susto menina. —Me senti culpada pelo que eu tinha feito, mas não arrependida.
—Desculpa. —Pedi.
—Você vai querer se trocar? —Minha mãe perguntou.
—Não acho necessário. —Quando eu senti o Edward pegando minha mão que eu percebi que eu estava tremendo.
—Então podemos ir. —Se era uma pergunta não soou como tal.
Balancei a cabeça. Quando o Edward começou a andar junto conosco eu vi o olhar que minha mãe deu a ele e encarei ela de volta, esperava que meu olhar você o suficiente para ela entender que eu estava pedindo para ela parar com aquilo.
—Posso pegar uma carona com vocês? —O Edward perguntou diretamente ao meu pai, essa nova relação deles dois era estranho. Eu não sabia o que tinha acontecido entre ele e minha mãe para ele está preferindo se dirigir direto ao meu pai só que naquele momento não queria saber.
—Claro.
—Você não tem que trabalhar. —Eu me assustei com a hostilidade no tom de voz da minha mãe.
—Por favor, isso já é difícil demais. —Meu corpo inteiro doía e eu sentia como se minha cabeça tivesse pesando uma tonelada, não queria brigas. A mudança tinha sido mais rápida do que eu estava acostumada. Não fazia ideia de como seria nessa tal clinica e nem pelo que eu passaria lá aquele era meus últimos momentos com as três pessoas mais importantes da minha vida.
Minha cabeça dava voltas e voltas sem conseguir entender nada, em um momento ela brigava comigo para defende-lo e no outro ela o estava atacando.
Quando passei pelo portão eu vi um pequeno ser de cabelos esvoaçantes vindo correndo na minha direção.
—Que bom que vocês estão aqui. —Minha melhor amiga – pelo menos pelo que eu sabia e minha cunhada. —Eu fui no hospital e falaram que você tinha tido alta, depois eu fui na casa dos seus pais e você não estava lá e me informaram que você tinha ficado aqui.
—Que vidente de merda. —Só depois eu percebi que eu tinha feito uma piadinha de forma espontânea e aquilo surpreendeu a todos.
—Como eu senti sua falta. —Ela me abraçou com força. —Eu me sinto muito mal te ter ficado distante, mas eu não sei lidar com essa sua versão deprimida e ter que ficar controlando tudo que eu vou falar. —Ela respirou fundo tomando ar. —Você sabe que não é pra mim. —Sim eu sabia e como sabia.
—Está tudo bem. —Eu tinha sentido muita falta dessa parte da familia, eu os considerava tanto e eles apenas se afastaram. Mas eu não guardava rancor de nenhum deles, cada um ia lidar com aquilo da sua melhor maneira.
—Minha mãe mandou eu te dar um abraço. —Ela me apertou mais firme. —Ela ia vim, mas não acordou se sentindo muito bem. —Ser lembrada da doença dela me deixou ainda mais segura que eu não tinha motivos para guardar rancor, eles também passaram e ainda estavam passando por uma barra e eu também não estava presente. —E pediu pra te dizer que ela está torcendo muito por você, que todo mundo lá em casa está. Eles iam vir comigo se despedir, mas meu pai achou melhor te dar mais espaço ele nos lembrou que esse não deve está sendo um momento fácil. —Meu sogro como sempre repleto de razão, eu não queria fazer daquilo um espetáculo.
—Obrigada pela visita e agradeça eles por mim. —Ela ergueu suas pequenas mãos e passou pela minha bochecha enxugando minhas lágrimas.
—Nos fomos ao hospital ver você, mas sempre que íamos você estava dormindo. —Olhei em volta não entendendo porque ninguém me avisou que eu tinha recebido visitas, eu estava sempre tão concentrada no meu universo (Pai, Mãe e Edward) que eu nem olhava em volta.
—Desculpas? —Perguntei sentindo meus olhos mais pesados ainda e com muita vontade de chorar, mas eu estava diante de Alice Cullen e sabia que ela não lidaria nada bem com uma crise. Ela era uma baixinha alegre que transmitia e emanava alegria e eu nunca ia me perdoar se eu contaminasse ela com meu choro constante.
—Não precisa, apenas me prometa que você vai ficar bem. —Antes que eu conseguisse dizer que eu faria o meu melhor ela se corrigiu. —Mentira eu sei que você vai ficar bem, muito bem. —Quando ela disse aquilo pela primeira vez eu senti esperança, sempre acreditei nas “visões” dela e se ela estava dizendo eu só acreditaria, mas o olhar que ela deu ao Edward enquanto revelava meu futuro me fez questionar o que eu teria que abrir mão para ser feliz e tive muito medo da resposta. Se fosse outro momento, em uma outra época eu a arrastaria dali escada a cima e a obrigaria a me dizer tudo o que ela “sabia”.
—Nos temos que ir Isabella. —Minha mãe quebrou nosso momento.
—Sim claro. —Minha melhor amiga nem encarou minha mãe apenas me abraçou de novo e se afastou. —Boa sorte e eu te amo, espero que um dia você seja capaz de perdoar nossa família por te abandonar. —O jeito que ela falou nossa família me deu esperanças que talvez eu pudesse conseguir ser feliz sem perder mais nada.
—E já perdoei. —Ela me deu um sorriso triste como se não acreditasse nas minhas palavras.
Ela não disse mais nada e entrou na minha casa fechando a porta, eu não fazia ideia do que ela iria ficar fazendo ali sozinha, mas não me importei novamente em perguntar.
[...]
O caminho até aquela clinica foi longo, tínhamos saído da cidade e ficando tão longe assim minha cabeça só conseguia ficar me convencendo que eu iria ser esquecida ali por eles. Eu tentava me distrair encarar a paisagem que passava através da janela, me concentrar na música ou no toque do Edward, no jeito que ele acariciava meus cabelos, ou na forma em que ele me apertava delicadamente contra o peito dele ou a forma que ele fazia carinho no meus braços, a forma com hora ou outra ele depositava um beijo no topo da minha cabeça, ou as batidas agitadas do seu coração, que eu conseguia ouvir perfeitamente já que eu tinha minha cabeça apoiada no peito dele. No primeiro sinal de pânico ele me abraçou e desde então eu não me arriscaria a sair do conforto dos braços dele. Mesmo estando ali e toda a sensação boa que os braços dele me transmitia eu acabei tendo que tomar um calmante e meu antidepressivo, a forma que eu tremia acabou assustando-os, depois dos remédios minha mente desacelerou bastante e eu apenas fiquei ali quieta e completamente lenta, tanto nos movimentos como nos pensamentos. Senti-me entorpecida era mil vezes melhor do que me sentir em pânico como minutos antes.
[...]
—Adeus. Eu te amo. Nunca se esqueça do quanto eu te amo, por favor! —Não conseguia entender porque a voz do Edward estava tão distante e triste (ele não tinha que está triste), eu ainda conseguia ouvir as batidas do coração dele então porque ele estava tão longe. Tentei erguer meu corpo para encarar ele nem que fosse por uma última vez, mas meu corpo não respondia. Eu não entendia o que estava acontecendo comigo meus remédios nunca tinham me deixado assim. Tentei me concentra mais uma vez no que acontecia, porém estava tudo tão escuro e eu estava tão cansada que eu simplesmente desliguei.
Notas Finais/Avisos
Estamos cada vez mais perto para o fim da história. Prontos para essa nova fase?
Obrigada pelos comentários no capitulo anterior e eu prometo que vou responder todos ♥.
Chorei horrores escrevendo esse capitulo. E aí o que vocês acharam? Me deixe saber. Comentários? Recomendações?
Capitulo não revisado.
Me siga no instagram: https://www.instagram.com/MorganaSOficial/
Curta minha página no facebook: https://www.facebook.com/MorganaSOficial/
21/03
Siga (Clique aqui) o site.
21/03
Nenhum comentário:
Postar um comentário