Isabella Swan
Entrar no carro dele depois de tanto tempo foi como levar um soco bem no meio do estomago, de uma forma boa – eu sei que parece louco, mas era assim que eu me sentia. O cheiro dele tomou conta de mim e a familiaridade do ambiente, mesmo que eu nunca tivesse entrado dentro daquele carro, me trouxe uma poderosa sensação de paz.
Ele dirigiu rápido e nem precisou que eu informasse o local que eu tinha visto durante minha vinda, o que indicava que em suas vindas ao cemitério ele deve ter visto o café que eu tinha mencionado.
—Fale alguma coisa? —Pedi constrangida, seus dedos apertaram com força o volante, suas junções se tornaram ainda mais brancas aos meus olhos e ficou claro que ele não ia dizer nada para quebrar aquele silêncio. —Como está a empresa? — Andei por um caminho seguro não aguentaria passar mais tempo dentro daquele carro naquele completo silêncio.
—Melhor do que nunca. —Foi simples e direto na resposta. Mordisquei levemente meus lábios pensando em qual outro caminho seguro eu devia seguir.
—Você já tinha vindo aqui antes? —Sinto uma necessidade fora do normal de perguntar.
—Sim. —Respondeu seco.
—A qualidade do café é a mesma?
—Sim.
Ele não iria falar muito, provavelmente seria um monologo e depois do que eu tinha feito meio que tinha motivos para isso, minha ida para mim teve muito sentido, mas não dava pra negar que doía muito em nos dois.
Entramos na pequena cafeteria e sentamos em uma mesa qualquer. O lugar era simples nada comparada as outras filias que já tínhamos frequentado, mas tinha uma pegada familiar muito agradável, as enormes janelas de vidro que ocupavam metade da parede dava uma boa iluminada no ambiente e um charme final. Sentei de frente para ele e mantive meus olhos no tampo de mármore da mesa.
—Não posso demorar. —A voz do Edward me tirou dos meus devaneios sobre a decoração do local e me atraiu de volta para ele. O rosto dele estava bem mais sério que eu me lembrava e eu sentia meu coração batendo de modo apressado com medo de como ele reagiria ao que eu tinha para contar, medo, pela primeira vez em muito tempo aquele sentimento me tomou. —Então você quer o divorcio. Vamos dividir os bens ao meio e não temos o que falar sobre isso, se você quiser algo especifico só pegar eu não vou me opor. Acho melhor seus advogados tomarem a frente e fazer o pedido assim você decide o que quer, como já disse não vou me opor então não vamos ter muito trabalho. —Eu nem sabia mais o que tínhamos, qual propriedades tinha sobrevivido ao pequeno golpe que tínhamos recebido e que na época eu nem fazia ideia do que estava acontecendo. —Peço aos meus advogados para te mandar a lista de bens atualizada.
Olhar para o passado hoje e me lembrar do estado que eu tinha chegado me deixava tão mal em ver o quanto eu era capaz de me sabotar.
Por reflexo eu peguei o saleiro e fiquei brincando com a tampa tomando coragem para tocar no assunto.
—Edward eu não sei se quero o divórcio eu queria que tivéssemos uma outra chance de ao menos tentar. —Fui sincera. Mas não consegui olhar para ele com medo de uma possível recusa. —Eu sei que te abandonar foi terrível, mas eu queria uma chance. Porque mesmo com todo esse tempo e com tudo que aconteceu entre a gente eu ainda sim no final da noite só conseguia desejar que ele pudesse de alguma maneira está desfrutando de tudo aquilo comigo, de cada nota boa e de cada nota amarga. Esse tempo longe não foi completamente feliz, eu tive meus momentos, momentos em que eu ficava muito mal e nesses momentos o que eu mais queria era a presença dele ao meu lado por que eu saberia que ele me entenderia perfeitamente, entenderia o quanto doía e que não era só drama ou qualquer atitude tola para chamar atenção.
Não resisti ao silencio dele e ergui meus olhos encarando-o. Sua expressão surpresa me paralisou, eu precisava que ele dissesse algo, se ele não falasse eu me sentiria uma idiota.
—Foram seis anos. — Eu não soube o que fazer quando os olhos dele se encheram de lágrimas. —Você não tem ideia de como eu fiquei louco em não poder ver você na clinica e depois você apenas desapareceu ninguém me dizia nada além de que você estava bem, eu só queria a chance de falar com você, nem que fosse a última vez. —Ele tentou disfarça, mas o tom de magoa era muito presente na voz dele.
Respirei fundo não querendo chorar, eu precisava manter minha mente tranquila para aquela conversa.
—Eu também queria que você tivesse ido me ver, se eu superei tudo aquilo foi pela única e constante expectativa de que um dia sua visita seria liberada e você ia lá me ver. —Fui sincera. No começo os primeiros meses depois quando eu consegui tomar consciência do que eu fazia ele foi o único motivo para tentar.
Ele ergueu os olhos e me encarou, seus olhos estavam mais quentes, não era ainda aquilo que eu me lembrava, mas era melhor do que a frieza do primeiro momento.
—Você deve saber que eu fui diagnosticada como viciada, o médico dizia que toda a dor que eu sentia era provocada pela ausência do medicamento. —Eu ainda não concordava com isso, ele não estava no meu corpo para saber como eu me sentia. —Ou melhor ele dizia que para tratarmos minha dor eu precisava ficar limpa, que só podíamos lidar com o luto do meu filho quando ele confiasse que meus problemas eram maiores do que a falta de alguns comprimidos. —Ele riu e eu o encarei ainda mais não entendendo qual era a graça.
—Eu quase soquei ele quando ele disse isso a mim. —Mordi meu lábio inferior delicadamente, era uma reação que tinha se tornado comum quando eu ficava nervosa. Tinha tanta informação que eu não sabia, ou melhor, que eu nem procurei saber sobre aquele tempo. Saber que ele falava com os médicos com certeza foi uma surpresa. —Como ele podia minimizar a dor da perca do nosso filho insinuando que você só sofria por causa da porcaria de alguns comprimidos.
—Ele não estava totalmente errado. —Não gostava nada de ficar defendendo meu “torturador”. Ao pensar no apelido que eu tinha colocado no psicólogo responsável pelo meu tratamento eu não conseguir conter meu sorriso, naquela época todos aqueles sentimentos e tudo que eu passei naquela clinica realmente se aproximava muito de uma sessão de tortura. Hoje eu conseguia ver que se não tivesse sido daquela forma provavelmente eu ainda estaria trancada no quarto dopada de remédios ou alguma droga mais forte isso se eu não tivesse morta. —Depois que eu fiquei sóbria eu consegui ver as coisas melhor. —Me expliquei. —Não é que deixou de doer, mas... eu ...não sei explicar. A dor ainda estava ali e tinha dias que eram muito difíceis, porém em alguns momentos era suportável. —Era difícil confessar aquilo. —Tinha dias que eu me sentia tão bem que eu só me sabotava achando que eu estava esquecendo ele então voltava toda aquela merda.
—Eu sinto muito não ter podido está ao seu lado. —Ele se inclinou um pouco e pegou minha mão fazendo eu largar o saleiro, eu não estava pronta para como meu corpo ainda reagia ao dele. Minhas memórias não fazia jus ao poder daquela sensação.
—Não foi sua culpa. —Eu nunca duvidei de que se ele pudesse ele teria ficado lá comigo, teria se internado junto se eu pedisse.
—Nos primeiros dias eu me sentia tão mal era tão enlouquecedor e eu não podia tomar nenhum tipo de remédio, não importava qual dor eu estivesse sentindo, foram dois anos naquela clinica e eu não tomei nenhum tipo de remédio. Todos as doenças que eu tinha, acabavam tendo que se resolver de forma natural, fosse uma gripe até mesmo minha insônia. Eu passava dias acordada, até que meu corpo desistisse e eu desmaiasse e mesmo assim nada de comprimidos. —Eu percebi nos olhos dele o típico olhar de pena, mas eu não me importei. Era aquilo que se ganhava quando chegava ao fundo do poço.
—Nós, eu e seus pais. —Ele sentiu necessidade de se explicar. —Recebíamos um relatório semanal sobre seu avanço ou retrocesso, conversávamos com seu psicólogo. Eu fui contra não medicarem você, mas era uma democracia falha. —Eu ri imaginando o quanto ele devia ficar irritado quando ele não conseguia o que queria. —Não ria, eu não vencia uma, sua mãe é bem mais manipuladora do que eu imaginava.
Não neguei, meu pai comia na mão dela e sabia muito bem que todas as cartas sobre meu tratamento quem tinha dado tinha sido ela.
—Conforme eu fui vendo que quando mais eu resistia ao tratamento, mas tempo eu ficara ali e que eu não ganharia por cansaço eu so desisti e comecei a fazer o que me era ordenado. —Falando assim até parecia que tinha sido fácil, só que eu nunca tinha sofrido tanto como naqueles primeiros meses. —No começo eu tinha muito ódio de todos vocês por simplesmente me largarem ali a minha própria sorte no momento em que eu mais precisava de vocês. —Eu aumentei meu tom de voz não deixando ele me interromper. —Eu sei que não era assim e que aquilo era para o meu bem, mas naquele momento sofrendo tudo aquilo que eu estava sofrendo era só o que passava pela minha cabeça. —Não menti, ali fora já curada, não completamente - obvio, porém sem sombra de dúvidas um milhão de vezes melhor do que eu já me lembrava de ter estado. Os pensamentos se encaixava e eu me tornava bastante compreensiva. —Minhas conversas com o psicólogo se resumia a xingar vocês. As vinte primeiras sessões foi só isso que eu me dediquei a falar, o abandono me deixava muito mais abalada e o psicólogo pegou isso e começou a usar isso contra a favor, sei lá. Assim começaram as chantagens, ele me dizia que se eu apresentasse a ele sinais reais de melhora no final do mês ele iria permitir que eu recebesse uma visita e conforme meu desempenho a quantidade de tempo e de vezes podia ir aumentando até que eu tivesse alta e ficasse completamente livre para ver vocês quando eu quisesse. Então eu comecei a colaborar eu falava sobre o que ele queria saber, tinha alguns assuntos que era difícil e ele parecia respeitar minha dificuldade. No final do primeiro mês quando ele me comunicou que eu poderia escolher só um de vocês para ir me ver a minha escolha era obvia. —Ele abaixou os olhos e se retraiu, foi ruim ver ele naquele estado. Parecia tão fraco que eu nem sabia o que dizer. Daquela forma ele parecia tão indefeso. —Eu queria ver você. —Senti as lágrimas se acumularem nos meus olhos, me lembrar daquele momento era muito difícil. —Em todos aqueles meses eu nunca tinha ficado tão feliz. Só a possibilidade de ver você me deixava tão feliz. —O Edward se aproximou apertando minha mão. —Mas ele não me deixou ele disse que eu ainda não estava pronta para ver você, as opções eram a minha mãe ou alguma amiga. Naquele dia eu surtei, joguei o tablet ridículo dele no chão e gritei, gritei como se minha vida dependesse daquilo, chorei muito e eu me sentia enganada porque eu enfrentei todo aquele papinho porque eu queria ver você e depois ele mentiu pra mim e me deu opções que eu não queria. Fiquei de castigo pelo meu comportamento agressivo e perdi a chance de ver ela também. Na semana seguinte ele voltou a propor o mesmo esquema se eu colaborasse ele me deixava ver minha mãe, eu perguntei o que eu tinha que fazer para ver você e ele disse que eu tinha que me curar.
—Ele me disse que eu fazia mal a você. —Ele disse e eu só pude baixar os olhos, o médico também tinha tido aquilo. —E foi pro isso que você foi embora. —Ele disse como se só naquele momento tivesse entendido meus motivos e o pior era que eu nem não podia negar. —Eu sempre fiquei buscando desculpas tentando entender o porquê...—Eu senti meu coração se partir ao ver como minha atitude tinha magoado ele, o quanto ele nem por um segundo considerou que eu seria egoísta aquele ponto. —E o motivo estava bem ali na minha cara. —Ele passou a mão pelos cabelos com força, eu me inclinei tocando o braço dele tentando me acalmar.
—Por favor, não me odeie. —Meu tom de voz era baixo e assustado.
—Eu tenho que ir trabalhar. —Ele se levantou afastando minha mão do seu braço, enfiou a mão no bolso e tirou a carteira para pagar por um café que nem tínhamos bebido.
Antes que eu conseguisse dizer algo meu telefone vibrou no bolso do meu pesado casaco, peguei rapidamente conferindo que era a Mirela, era uma mensagem pedindo para encontrá-la no hospital centrar. Eu me senti paralisada e meu celular caiu no chão sem que eu conseguisse impedir.
—Isabella? —O Edward se voltou a mim pegando o aparelho do chão e me puxando levemente fazendo encará-lo, minha cabeça só conseguia formular diversas possibilidades e eu sabia que não estava pronta para enfrentar aquele tipo de coisa, não resistiria a passar por aquilo de novo. —O que aconteceu? —Ele me sacudiu levemente.
Quando eu não respondi ele pegou meu celular e antes que ele conseguisse desbloquear a tela eu tomei o aparelho da mão dele, não podia deixar que ele descobrisse daquela forma. Ele se assustou com minha reação.
—Você está bem? —Voltou a pergunta.
O telefone voltou a vibrar na minha mão e eu olhei era outra mensagem da Mirela ela dizia que não tinha acontecido nada demais, apenas um tombo no parque. Senti meu coração aliviar na hora, mesmo com todo o tempo e toda terapia e tratamento eu ainda não suportava hospital, muito menos relacionados a ela.
—Sim, você pode me dá uma carona até o hospital que era dá sua família o mais rápido que você puder? —Pedi. Ele me encarou com sinal claro de estranhamento, mas assentiu. Algo no meu olhar o fez apenas assentir. O hospital não pertencia mais a família dele, pelo que eu sabia ele tinha conseguido convencer a mãe dele a vender aquele lugar e deu um lugar completamente novo a ela, pelas fotos e relatos dos meus pais o novo hospital era umas dez vezes maior do que o antigo.
Eu sabia que quando eu chegasse lá não teria escapatória e eu precisaria ser sincera com ele e contar tudo que tinha acontecido nos últimos anos e lidar com a reação dele, mesmo que ele me odiasse pra sempre.
[Cont...]
Notas Finais/Avisos
Vamos a algumas explicações. Sei que ele diz que ela ficou seis anos sumida e no último capitulo eu disse sete anos depois só que ele não conta o ano em que ela ficou na clinica, aquele ano em que ela ficou internada ele sabia onde ela estava e seu estado só não podia ver ela. Os seis anos que ele se refere foi quando ela saiu da clinica e sumiu.Não esqueçam de comentar (se vocês comentarem muito eu trago a segunda parte ainda essa semana) e recomende aos amigos.
Beijos e nos vemos em breve!
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