3/14/2020

Resenha: O beijo no asfalto escrita por Nelson Rodrigues

Livro:  O beijo no asfalto
Autor(a): Nelson Rodrigues
Editora: Nova Fronteira  
Páginas: 98 páginas
Classificação:
Sinopse: 
Arandir, um homem casado, beija a boca de outro homem, que acaba de ser atropelado, realizando assim seu último desejo antes de morrer. A cena é presenciada por Amado Ribeiro, um jornalista que resolve tirar proveito do episódio. Com o destaque do caso, Arandir se isola, sofrendo com a descrença de todos à sua volta, e se vê compelido a um destino que não consegue modificar. Sexualidade, intrigas, falta de ética da imprensa e da polícia e crise familiar são os ingredientes desta famosa peça de Nelson Rodrigues, escrita em 1960 para Fernanda Montenegro, que estrelou a primeira montagem em 1961.Com uma habilidade genial para ironizar e satirizar os desvios comportamentais da sociedade, Nelson Rodrigues criou um teatro único e universal que vem atravessando décadas com a mesma vitalidade. Para celebrar o centenário do dramaturgo, a Editora Nova Fronteira relança suas 17 peças, uma obra essencial que inaugurou e consolidou o modernismo no teatro brasileiro.


No começo dessa malhação eu assistia muito, mas ao perceber que eles lidariam com a homossexualidade dos personagens Guga e Serginho com muitos dedos eu parei de acompanhar com tanto vigor assim. Não vou me estender muito nesse assunto porque não é o foco aqui, mas eu esperava algo mais natural (os casais heteros faltam transar as seis dá tarde e o casal gay deu um selinho durante toda a novela e duvido que passe disso). Mas assisti a um episodio recentemente e eles estavam tratando sobre a censura de alguns livros na biblioteca da escola e o livro de hoje foi o mais comentado e censurado por apresentar um conteúdo homossexual e isso não ser bom para os adolescentes. O que me deixou curiosa com o livro, eu tinha na minha casa, mas é um clássico (e eu preciso confessar que tenho um grande preconceito com os clássicos no modo geral – talvez pela forma que me era imposta a leitura desse tipo quando eu estudava), mas a curiosidade foi maior e por ser um livro fininho eu resolvi dá uma chance.

O primeiro impacto que tive foi pela história ser uma peça, jamais tive contato com esse tipo de escrita (talvez o roteiro vazado de Eclipse, mas não é a mesma coisa...) e levou umas vinte páginas para me acostumar e a leitura começar a fluir. Li o livro rápido menos de duas horas e adorei.
Esse tipo de história para a época que é escrita e bem desafiadora e provocante (o que pelo pesquisei é bem o tipo de escrita do Nelson Rodrigues). Não preciso dizer que adorei e para uma primeira experiência foi fantástico.

"É lindo beijar alguém que está morrendo. Eu não me arrependo. Eu não me arrependo."

Uma história que a todo o momento te desafia a tentar entender a verdade e ver o que está sendo escondido e manipulado. Uma história antiga que ao mesmo tempo consegue ser tão recente. Não seria e não é nada difícil alguém ser massacrado por um beijo homossexual em público. O jeito que a mídia sensacionalista manipula os acontecimentos a ponto de vender mais jornal; A truculência da policia ao querer a verdade, mas não gosta e nem saber aceitar ela; O preconceito e a forma em que todos estão prontos para julgar o outro; A maneira que um jornal tem o poder de destruir a vida de uma pessoa; Inveja; Mentiras; Surpresas e muito desejo sexual contido e que uma hora ou outra acaba explodindo e causando um grande estrago. Não tem como não recomendar. É trágico e lindo. Uma belíssima história.
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14/03

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